Opinião
|
19 de setembro de 2022
|
07:00

SENGE-RS alerta para o risco de enfraquecimento da Emater em 2023

A ATER pode ser caracterizada como uma das principais políticas públicas de desenvolvimento rural no RS. (Foto: Emater/Facebook/Reprodução)
A ATER pode ser caracterizada como uma das principais políticas públicas de desenvolvimento rural no RS. (Foto: Emater/Facebook/Reprodução)

SENGE-RS (*)

É com grande preocupação que o Sindicato dos Engenheiros recebeu a notícia de que o orçamento destinado à EMATER no próximo ano será o mesmo de 2022, montante que já foi insuficiente nas atuais circunstâncias da empresa.

Segundo informou o secretário estadual da Agricultura, Domingos Antonio Velho Lopes, em recente reunião com a Associação Dos Servidores da ASCAR/EMATER-RS (ASAE), deverá ser mantido o orçamento de R$185 milhões para 2023 devido à redução de receita do Estado.

Para o vice-presidente do SENGE, José Luiz Bortoli de Azambuja, a declaração gera imensa apreensão para os quadros técnicos da EMATER, assim como para os assistidos. “O orçamento de 2022 já foi insuficiente, não permitiu a realização de concurso para reposição de profissionais e projeta-se para 2023 essa situação agravada, pois estamos com a situação inflacionária que corrói o orçamento” alerta  Azambuja.

“É uma péssima notícia para a agricultura familiar do Rio Grande do Sul, é uma péssima notícia para a economia do Estado, porque a gente sabe que esse setor garante receita quando as coisas vão bem em termos climáticos. Nós lamentamos profundamente essa situação”, afirma o dirigente do SENGE.

Azambuja também frisa que o Sindicato dos Engenheiros, ao longo de toda a sua trajetória, vem defendendo a revitalização, a reorganização, e a recomposição dos quadros da EMATER para que ela possa fazer o seu trabalho com eficácia e eficiência. “Ao contrário do que está acontecendo no atual governo, a EMATER precisa é recuperar a sua força de trabalho, realinhar-se a seus objetivos e garantir assistência técnica rural para a agricultura familiar do Rio Grande do Sul. Lamentamos muito essa informação e esperamos que seja possível sensibilizar os agentes políticos, os agricultores para que cobrem exaustivamente do governo uma mudança de postura. A EMATER está sendo tratada como se fosse uma empresa que não tivesse muita importância para o Rio Grande do Sul. Muito lamentável!”

Diante deste cenário preocupante, e reiterando o compromisso do SENGE em defesa da EMATER e dos seus quadros técnicos, o Sindicato e as demais entidades representativas dos funcionários da empresa estão unindo forças no sentido de buscar a reversão do total descaso por parte do governo do Estado, postura que irá impactar milhares de famílias nas diversas regiões do Estado, além da segurança alimentar da sociedade como um todo.

“A EMATER é fundamental em toda e qualquer solução ou planejamento em apoio aos agricultores do Estado, trabalho este que tem consequências diretas na economia e no bem-estar social. A recomposição do orçamento da empresa é condição vital para a aplicação de políticas que coloquem a Assistência Técnica e Extensão Rural em plenas condições de atuar pelo desenvolvimento rural sustentável do Estado”, ressaltou o presidente do SENGE-RS, Cezar Henrique Ferreira. 

A Agricultura familiar tem contribuição de extrema relevância para o PIB estadual, para a geração de renda e também a produção de grande parte dos alimentos consumidos pelos gaúchos. Nesse sentido, o presidente do SENGE-RS destaca ainda que existem políticas públicas e uma lei específica de Assistência Técnica e Extensão Rural no Rio Grande do Sul, e a entidade que oficialmente cumpre esse papel é a EMATER. Somado a isso, a empresa desempenha papel social fundamental para milhares de famílias e comunidades em situação de vulnerabilidade. “A empresa também promove um importante trabalho social junto às comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas, entre outras populações vulneráveis que muito precisam desse braço do Poder Público para sua sobrevivência e qualidade de vida. São atendidas em torno de 200 mil famílias anualmente, nas diversas culturas vegetais e de produção animal, além da implementação de ações de documentação, proteção de mulheres e crianças, e outras iniciativas que vão muito além da atividade agrícola em si. Precisamos que o governo do Estado repense sua posição em relação a EMATER, que é um patrimônio fundamental para tantas famílias, para a segurança alimentar da população e para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul”, alerta Cezar Henrique. 

Dentre as possibilidades de apoio a ser oferecido pela EMATER, o presidente do SENGE ressalta ainda a capacidade da empresa em realizar perícias, avaliações, emitir laudos, elaborar projetos de açudes, de negociações de dívidas e outras formas de assessoria, sempre com a possibilidade de articulação com outras instituições como a FETAG, prefeituras, cooperativas, empresas privadas de assistência técnica, entre outras.

(*) Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (SENGE-RS)

§§§

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora