Opinião
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7 de março de 2022
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16:10

A luta da mulher no espaço sindical (por Raquel Fiori)

Margarida Alves, morta por lutar pelos direitos das trabalhadoras rurais (Reprodução)
Margarida Alves, morta por lutar pelos direitos das trabalhadoras rurais (Reprodução)

Raquel Fiori (*)

A história mostra a luta das mulheres por respeito, pelo direito de participar de espaços decisórios e contra tutela e subordinação em sítios de influência masculina. Em 1910, a professora e jornalista alemã Clara Zetkin propôs a criação de uma jornada de manifestações, movimento que originou o 8 de Março. O Dia  Internacional da Mulher deu visibilidade às reivindicações das mulheres trabalhadoras oprimidas nas fábricas.

Mais de um século depois, a historiografia tem poucos relatos do protagonismo feminino em lutas sindicais. Uma das exceções é a paraibana Margarida Alves, cuja morte deu origem à Marcha das Margaridas. Isso ocorre devido à invisibilidade imposta pelos espaços estritamente masculinos.

No final da década de 1970, o novo sindicalismo incorpora pautas de igualdade. A partir dos anos 1980, grupos organizados de mulheres passam a discutir temas como sexualidade e direito do trabalho e igualdade no casamento. Nas centrais sindicais, surgem comissões e secretarias específicas para discutir a questão de gênero. Mas até hoje, não somente o fato de ser mulher dificulta a participação nos movimentos. Outros tipos de preconceito, como racismo e homofobia, excluem minorias da ação sindical.

Neste contexto, o Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do RS (Sintergs) lança neste 8 de Março a Comissão de Políticas Afirmativas. Grupos de trabalho irão discutir sobre diversidade sexual, igualdade racial e representatividade feminina no combate ao machismo estrutural. Este comitê irá alertar a sociedade para que não se esqueça que as mulheres arcam com a dupla jornada de trabalho: o produtivo e, em âmbito doméstico, o reprodutivo. Além de serem vítimas de feminicídio, crime que vem crescendo durante a pandemia.

A luta política dos movimentos feministas está inserida nos processos de educação e formação para transformação social. Também busca o reconhecimento das desigualdades na relação homem e mulher como uma injustiça social. É preciso que seja dada legitimidade e atenção a este ponto central do sindicalismo, tendo em vista que as mulheres constituem a metade dos trabalhadores sindicalizados no Brasil e suas demandas merecem assumir protagonismos nos sindicatos para fortalecer a política no país.

(*) Diretora de Assuntos Previdenciários e Saúde do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Rio Grande do Sul (Sintergs)

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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