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9 de dezembro de 2011
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19:46

Plebiscito decide se o estado do Pará deverá se dividir ou não

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Sul 21
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Contra a separação, manifestantes da frente "Pará Não Separar", protestam contra a possível divisão | Foto: Divulgação

Da Redação

No próximo domingo (11), o estado do Pará passará por um plebiscito para ver a opinião dos paraenses sobre uma possível divisão do território, criando assim, dois novos estados: Carajás e Tapajós. Os eleitores terão de opinar separadamente sobre a criação de cada uma das unidades.

Se levada a cabo, a divisão reduziria o Pará a 17% de seu território, segundo estudo do Idesp (Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará), autarquia ligada ao governo estadual. Porém, o Estado conservaria 64% de sua população, de cerca de 7,5 milhões de habitantes.

Tapajós e Carajás, por sua vez, ocupariam 59% e 27% da área do Estado e abrigariam 15% e 21% de sua população, respectivamente.

Segundo pesquisa do instituto Datafolha divulgada no último dia 25 de novembro, mais de 60% dos moradores do Pará rejeitam a divisão do Estado. O “não” tem o apoio de mais de 80% dos moradores do que restaria do Pará, ao passo que a separação é defendida por 78% dos habitantes de Carajás e 74% dos residentes em Tapajós.

Favoráveis da divisão, apoiadores das frentes "Sim Tapajós" e "Sim Carajás" fazem carreata | Foto: Divulgação

Caso seja criado, Tapajós teria quase metade de seu território ocupado por reservas indígenas ou florestais, incluindo a região do Xingu, onde o governo pretende construir a usina hidrelétrica de Belo Monte.

O Estado do Carajás, de ocupação mais recente, teria a mineração como principal atividade econômica – hoje, a Vale explora na região a maior jazida de minério de ferro do mundo, em Paraupebas.

Se a proposta for aprovada, a Assembleia Legislativa do Pará terá de elaborar e votar um parecer sobre o assunto, que será encaminhado ao Congresso. A proposta, então, seria submetida a senadores e deputados e precisaria ser aprovada com maioria absoluta em ambas as Casas. Em seguida, caberia à presidente Dilma Rousseff sancionar ou vetar a medida.

Separatistas X unionistas

Enquanto na capital, Belém, vozes contrárias à separação predominam, no sul e no oeste do Estado, onde podem ser criados respectivamente os Estados de Carajás e Tapajós, muitos defendem o desmembramento. A campanha contrária à divisão diz que a medida empobreceria o que restasse do Pará e só beneficiaria políticos dos novos Estados; já os partidários da separação afirmam que ela facilitaria a gestão de regiões muito distantes da atual capital e ampliaria os recursos destinados a essas áreas.

Curiosamente, o plebiscito conseguiu redefinir (pelo menos momentaneamente) o desenho político local. Adversários históricos esqueceram suas divergências e se uniram em torno da defesa da criação ou da manutenção do território paraense. No Pará, o plebiscito conseguiu unir, por exemplo, PSOL e DEM, ou PT e PSDB, em torno de uma causa.

Para o cientista político e professor da UFPA (Universidade Federal do Pará), Roberto Corrêa, a união de lideranças de lados opostos acontece porque os políticos estão em busca de mais poder.

“Eles estão unidos agora, mas estarão divididos depois. Com a divisão, eles têm condições de subir a cargos e adquirirem mais poder. Por isso que líderes regionais se unem, independente de diferenças políticas e históricas. Um político sabe que o ‘custo’ da cadeira vai baixar, e ele vai precisar de menos voto para se eleger”, disse o professor.

Com informações da BBC Brasil e UOL Notícias


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