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28 de outubro de 2010
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22:23

Papa defende interferência da Igreja na política brasileira. Presidenciáveis respeitam opinião de Bento XVI

Por
Sul 21
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papa
Foto: Eurodana/Flickr

Felipe Prestes

O papa Bento XVI manifestou, nesta quinta-feira (28), ser favorável à participação política de sacerdotes da Igreja Católica nas eleições brasileiras. Em reunião no Vaticano com uma delegação de 15 bispos brasileiros do Nordeste, o pontífice declarou que “quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”. Bento XVI fez ainda críticas indiretas a parte do conteúdo do PNDH-3. Em campanha, os dois presidenciáveis disseram respeitar a opinião do Papa.

Bento XVI disse que “quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia (…) o ideal democrático é atraiçoado nas suas bases”. Ele fez ainda “apelo a favor da educação religiosa” no ensino público brasileiro e defendeu que “a presença de símbolos religiosos na vida pública é, ao mesmo tempo, lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito”. Para o pontífice, estes símbolos católicos “têm um valor particular” no Brasil, já que, segundo disse aos bispos nordestinos, “a religião católica é parte integral de sua história”.

A manifestação de Bento XVI a menos de 72 horas do início da votação, fez com que os presidenciáveis tivessem que comentar a declaração à imprensa durante eventos de campanha. Os dois candidatos defenderam o direito do pontífice de emitir sua opinião.

“Eu acho que é a posição do Papa e tem de ser respeitada. (…) ele tem direito de se manifestar sobre o que ele pensa, é a crença dele, e ele está encomendando uma orientação”, disse Dilma Rousseff (PT), em Brasília. Para a candidata petista, a declaração do Papa não tem relação com as acusações que sofreu de que seria a favor da legalização do aborto. Dilma afirmou que é preciso separar a declaração de Bento XVI do que o que sofreu, segundo ela, “uma campanha de difamações, de calúnias e algumas delas ao arrepio da lei”.

Ainda assim, a petista reafirmou sua posição em defesa do tratamento de mulheres que fazem o aborto clandestino, não de sua prisão. “Cansei de repetir qual minha posição nessa questão do aborto. Eu, pessoalmente, sou contra o aborto, mas sei que a cada dois dias morre uma mulher nessas circunstâncias. Eu não acredito que ninguém em sã consciência recomende que se prenda essas mulheres.”

Em Uberlândia-MG, José Serra (PSDB) declarou que o Papatem pleno direito de emitir as suas diretrizes e orientações para os católicos do mundo”. Da fala de Bento XVI, o tucano destacou a “defesa da vida”. “A defesa da vida é algo que merece fazer parte das palavras do papa, (…) é bom para o mundo ouvir isso”. Em sua passagem pela cidade mineira, Serra recebeu uma imagem de Nossa Senhora de um eleitor e a ergueu para o alto. Discursando, citou o personagem bíblico Salomão.

Com informações dos sites Carta Capital, G1 e folha.com


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