Eleições 2022
|
23 de setembro de 2022
|
17:25

Deputados recebem 4x mais recursos que novatos para a AL; mulheres são destaque

Por
Flávio Ilha
[email protected]
Arte: Matheus Leal/Sul21
Arte: Matheus Leal/Sul21

Os 44 deputados estaduais candidatos à reeleição no Rio Grande do Sul têm em média quatro vezes mais recursos para suas campanhas eleitorais do que os outros 786 postulantes à uma das 55 vagas na Assembleia Legislativa. Segundo dados do TSE, a média de receita dos candidatos que já ocupam uma vaga na Assembleia é de R$ 404 mil contra apenas R$ 76 mil dos marinheiros de primeira viagem. Quem busca a reeleição concentra 25% dos recursos destinados às campanhas eleitorais para a Assembleia Legislativa.

Do total de R$ 77,8 milhões destinados aos candidatos até o dia 23 de setembro, cerca de R$ 17,8 milhões estão concentrados nos deputados candidatos à reeleição. A estatística não é casual: a maior parte desses recursos, mais de R$ 12 milhões, foi aportada pelos partidos políticos. A chance de reeleger um parlamentar é maior do que apostar em um político novato. “Nas últimas disputas os partidos têm preferido manter seus espaços de poder do que embarcar em aventuras que sempre são incertas”, avalia o cientista político André Marenco, professor da UFRGS.

Entre os parlamentares candidatos à reeleição, o destaque em receita são as mulheres. A deputada Zilá Breitenbach (PSDB) é a recordista, com R$ 1.140.700,00 de arrecadação – R$ 1,3 milhão doados pela direção nacional do partido. O montante representa mais de 90% do teto de despesas permitido a um candidato ou candidata às assembleias legislativas, de R$ 1,27 milhão estipulado pelo TSE. A deputada já gastou metade da verba arrecadada, grande parte em material gráfico e eletrônico.

Prestes a completar 81 anos, a professora aposentada tenta seu quinto mandato. “Conquistei a confiança do meu partido por ser ética e transparente nos meus mandatos”, diz a parlamentar, que é a atual recordista em aprovação de projetos na Assembleia – 30 de suas proposições viraram leis.

Mais à direita, a bolsonarista Kelly Moraes (PL) recebeu R$ 1 milhão do partido do presidente para fazer sua campanha à reeleição. É a segunda maior receita declarada ao TSE. Oriunda de um feudo político iniciado pelo marido, o ex-deputado federal Sérgio Moraes, Kelly já foi deputada federal e prefeita de Santa Cruz do Sul. Ela faz dobradinha com o filho, Marcelo Moraes (PL), candidato a deputado federal. A candidata à reeleição declarou gastos de R$ 300 mil até agora, principalmente com aluguel de veículos e com publicidade em redes sociais.

A deputada Luciana Genro (PSOL) vem logo atrás de Zilá e de Kelly como recordista de arrecadação, segundo dados do TSE. A parlamentar declarou receita de R$ 920.909,81 – da qual já gastou R$ 478 mil. É a principal aposta do PSOL no Rio Grande do Sul, que colocou R$ 750 mil do diretório nacional na campanha dela e outros R$ 114,6 mil da seção estadual. Em 2014 Luciana foi candidata à presidência da República.

As três principais apostas do PT também são mulheres: as deputadas Sofia Cavedon e Stela Farias receberam R$ 300 mil cada uma da direção nacional do partido para suas campanhas, R$ 100 mil a mais que os cinco deputados candidatos à reeleição. A vereadora de Porto Alegre Laura Sito, recebeu R$ 400.342,00 – R$ 259,6 mil da direção estadual e outros R$ 140,7 mil do PT nacional.

No MDB, o destaque também é uma mulher: a deputada Patrícia Alba recebeu R$ 600 mil dos R$ 606.200,00 que declarou ao TSE do diretório nacional do partido. A advogada assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa com a eleição de Sebastião Melo à Prefeitura de Porto Alegre. Ela é esposa do ex-prefeito de Gravataí, Marco Alba.

Entre os candidatos homens, o destaque em receita é o deputado bolsonarista Rodrigo Lorenzoni (PL) – filho do candidato ao governo Onyx Lorenzoni. Ele declarou receita de R$ 743.880,83, dos quais R$ 300 mil doados pelo diretório nacional do partido e outros R$ 15 mil em nível estadual. Além disso, recebeu R$ 100 mil do empresário pernambucano Inácio de Barros Melo Neto, dono da Faculdade de Medicina de Olinda (FMO). Melo Neto também é dono do Clube de Tiro Doctor Gun, com sede em Olinda.

Quem rivaliza com Lorenzoni é o deputado Juvir Costella (MDB). Ele declarou receita de R$ 631.500,00 – dos quais R$ 540 mil doados pelas direções nacional e estadual do partido. Logo depois dele vem o também deputado Vilmar Zanchin, que recebeu R$ 250 mil do diretório estadual e R$ 185 mil da direção nacional. No total, o candidato à reeleição declarou receita de R$ 606 mil.

Filho do prefeito de Sebastião Melo, Pablo Melo, que declarou receita de R$ 602.780,00, estreia na política como uma aposta do MDB do Rio Grande do Sul, que colocou R$ 150 mil na campanha. A direção nacional aportou R$ 97 mil em recursos.

Além das doações partidárias, o filho do prefeito também cativou colegas: o deputado federal bolsonarista Osmar Terra, candidato à reeleição, doou R$ 90 mil; outro deputado federal candidato à reeleição, Márcio Biolchi colocou R$ 60 mil; o empresário Frederico Gerdau, por sua vez, aportou R$ 25 mil, enquanto seu sobrinho André, presidente do grupo siderúrgico gaúcho, doou R$ 15 mil.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora