Política
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21 de dezembro de 2023
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17:13

‘Improvisação’, avalia servidor do Dmae sobre plano de Melo para a falta d’água na Capital

Por
Duda Romagna
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Foto: Alex Rocha/PMPA
Foto: Alex Rocha/PMPA

Nesta quarta-feira (20), a Prefeitura de Porto Alegre e o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) apresentaram um plano para evitar o desabastecimento em regiões altas durante o verão. A falta de água afetou bairros das zonas Sul e Leste da Capital na última semana, com localidades registrando a falta de abastecimento durante mais de dez dias.

Segundo a administração pública, serão feitos estudos para instalar uma estação de tratamento de água (ETA) provisória na barragem Lomba do Sabão, na Zona Leste. Além disso, está programado um novo chamamento de mais trabalhadores efetivos a cargos administrativos alocados no Dmae e um novo projeto de contratação de servidores técnicos temporários.

Leia também: Prefeitura apresenta plano para evitar falta d’água no verão de Porto Alegre

Entretanto, entidades de servidores do departamento criticam o plano de ação apresentado pelo prefeito Sebastião Melo (MDB) e pelo diretor-geral do Dmae, Maurício Loss. O Conselho de Representantes Sindicais (CORES) do Dmae no Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) entende o uso de mais caminhões-pipa e as manobras na rede como não sendo suficiente para resolver a questão da falta de água. “Na verdade, não é um planejamento, é uma improvisação para dar uma resposta. São medidas paliativas emergenciais que não resolvem o problema”, diz Edson Zomar de Oliveira, diretor do Simpa e servidor do Dmae.

Ainda para o diretor do Simpa, o projeto de uma ETA provisória na barragem Lomba do Sabão é inviável e descolado da realidade vivida hoje pelo local, que já teve uma estação fechada por problemas. “Esta é uma medida muito difícil de ser implantada pois a ETA foi desativada justamente porque tinha problemas de qualidade da água do manancial e vai demandar vários estudos antes de se afirmar que é uma solução viável. Provavelmente vai ser inviável. Além de reativar a estação, o que já é difícil, tem que readequar as adutoras de água”, explica Edson.

Na sexta-feira (15), a estação Belém Novo, responsável por atender os bairros da zona Sul, Extremo Sul e Lomba do Pinheiro, ficou sem energia por quatro horas. Após o retorno da luz, equipamentos foram danificados devido à oscilação de tensão na rede elétrica. Por isso, a Prefeitura fez um pedido de instalação de geradores em estações, feito à CEEE Equatorial, como uma ação de curto prazo.

A Prefeitura acrescentou que, caso a empresa não forneça gerador para o Belém Novo, essencial para o abastecimento da Zona Leste, o Dmae deve locar um equipamento para evitar novas quedas de energia elétrica na região. O dirigente do sindicato reconhece que há uma certa dependência da Prefeitura em relação à CEEE Equatorial.

“Desde que a Equatorial assumiu, em 2020, aumentaram as paradas por falta de energia elétrica nas nossas estações de bombeamento, o que faz com que falte mais água também. Além de aumentar o número de paradas, aumentou também o tempo de duração delas, pois a Equatorial não atende as chamadas para manutenção, como fazia a CEEE”, afirma. Segundo ele, o Dmae, apesar de ser o maior cliente da Equatorial na cidade, não é atendido de forma prioritária.

O plano do governo Melo é realizar chamamentos de servidores já concursados para aumentar o quadro de funcionários do departamento. Edson explica que isso, em conjunto com a contratação emergencial de cerca de 150 trabalhadores temporários, como sugeriu a administração pública, é uma “confissão” de que a situação da falta de pessoal no Dmae é urgente.

“Um concurso para 15 cargos e 33 vagas foi autorizado em julho/2023 e ainda não foi publicado o edital para contratação da empresa que vai elaborar. O problema de falta de pessoal do Dmae não é temporário, pois faltam mais de 800 servidores. Para se ter uma ideia, temos menos de 1.200 servidores e 400 têm condições de se aposentar em 2024”, destaca.


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