Política
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11 de agosto de 2023
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20:12

PF pede quebra de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro

Por
Sul 21
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Jair Bolsonaro. Foto: Tênia Rego/Agência Brasil
Jair Bolsonaro. Foto: Tênia Rego/Agência Brasil

A Polícia Federal apresentou um pedido de quebra do sigilo fiscal e bancário do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), informou o G1 no início da noite desta sexta-feira (11). O pedido, que ainda precisa ser autorizado pela Justiça, ocorre no âmbito das investigações sobre a venda de joias presenteadas à Presidência da República.

De acordo com o G1, o objetivo da PF é verificar se o presidente recebeu recursos da venda ilegal de joias ou se repassou verbas para a recompra.

Pela manhã, a PF deflagrou a Operação Lucas 12:2, com o objetivo investigar a atuação de associação criminosa em crimes de peculato e lavagem de dinheiro. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, sendo dois em Brasília, um em São Paulo e um em Niterói (RJ). A ação mirou os endereços do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que está preso desde maio e também é alvo da operação, assim como o advogado Frederick Wassef, que já defendeu o ex-presidente.

Em nota, a PF informou que os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior. A PF estima que o esquema ilegal tenha rendido cerca de R$ 1 milhão.

As investigações da PF indicam que itens de luxo, como um relógio da marca Rolex e esculturas, foram embarcados no avião presidencial que levou Bolsonaro para os Estados Unidos dias antes da posse de Lula. O general Cid, chefe do escritório de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, teria se encarregado de vender os objetos. A investigação também aponta que ele usou sua conta bancária nos Estados Unidos para movimentar o dinheiro obtido com as vendas.

No caso do relógio Rolex, após o item ter entrado na mira do Tribunal de Contas da União (TCU), que pediu sua devolução, as investigações da PF mostram que o advogado Wassef entrou em cena para recomprar o relógio, visando sua devolução.

Em áudio de uma conversa cujo teor foi transcrito no relatório da PF sobre a operação, Mauro Cid cita uma soma de US$ 25 mil possivelmente pertencentes ao ex-presidente. No dia 18 de janeiro deste ano, Cid trocou mensagens com Marcelo Câmara, apontado como assessor de Bolsonaro, sobre a venda de esculturas presenteadas pelo governo do Bahrein durante viagem oficial.

Na avaliação dos investigadores, o general Mauro Lourena Cid estaria com o valor de US$ 25 mil, “possivelmente pertencentes” a Jair Bolsonaro. Conforme o relatório, os interlocutores também evidenciaram receio de usar o sistema bancário para “repassar o dinheiro ao ex-presidente”.

“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em cash aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente. E aí, ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas, também pode depositar na conta. Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?”, disse Mauro Cid, segundo transcrição do áudio que consta no relatório da PF.

O documento aponta que, na sequência do áudio, Mauro Cid esclarece a situação da tentativa de venda de duas esculturas douradas que foram entregues ao ex-presidente durante visita ao Oriente Médio.

“(…) aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (…) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (…) eu preciso deixar a peça lá (…) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (…)”.

No mesmo áudio, ele ainda explica a Marcelo Câmara como funciona o procedimento de venda, por leilão, de um kit contendo um relógio. “(…) o relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pro dia sete de fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar(…)”, diz.


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