Política
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11 de agosto de 2023
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16:43

Áudio de Mauro Cid cita US$ 25 mil em dinheiro que seriam para Bolsonaro

Por
Sul 21
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Mauro Cid (de verde) acompanha Bolsonaro em viagem aos EUA em 2022 | Foto: Alan Santos/Presidência da República
Mauro Cid (de verde) acompanha Bolsonaro em viagem aos EUA em 2022 | Foto: Alan Santos/Presidência da República

Áudio obtido pela Polícia Federal (PF) revela uma conversa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, na qual houve a citação do valor de US$ 25 mil possivelmente pertencentes ao ex-presidente.

A conversa faz parte do relatório da investigação que baseou a deflagração da Operação Lucas 12:2, que apura o suposto funcionamento de uma organização criminosa para desviar e vender presentes de autoridades estrangeiras durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na manhã desta sexta-feira (11), a PF realizou buscas e apreensões contra Mauro Cid, o pai dele, general de Exército, Mauro Lourena Cid, e o ex-advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef.

No dia 18 de janeiro deste ano, Cid trocou mensagens com Marcelo Câmara, apontado como assessor de Bolsonaro, sobre a venda de esculturas presenteadas pelo governo do Bahrein durante viagem oficial.

Na avaliação dos investigadores, o general Mauro Lourena Cid estaria com o valor de US$ 25 mil, “possivelmente pertencentes” a Jair Bolsonaro. Conforme o relatório, os interlocutores também evidenciaram receio de usar o sistema bancário para “repassar o dinheiro ao ex-presidente”.

“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em cash aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente. E aí, ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas, também pode depositar na conta. Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?”, disse Mauro Cid, segundo transcrição do áudio que consta no relatório da PF.

O documento aponta que, na sequência do áudio, Mauro Cid esclarece a situação da tentativas de venda de duas esculturas douradas que foram entregues ao ex-presidente durante visita ao Oriente Médio.

“(…) aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (…) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (…) eu preciso deixar a peça lá (…) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (…)”.

No mesmo áudio, ele ainda explica a Marcelo Câmara como funciona o procedimento de venda, por leilão, de um kit contendo um relógio. “(…) o relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pro dia sete de fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar(…)”, diz.

Em resposta ao áudio, Câmara, segundo a PF, faz referência ao montante de US$ 25 mil e reforça o receio de utilização do sistema bancário. “Melhor trazer em cachê”, afirma.

Conforme regras do Tribunal de Contas da União (TCU), os presentes de governo estrangeiros deviam ser incorporados ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), setor da Presidência da República responsável pela guarda dos presentes, que não poderiam ficar no acervo pessoal de Bolsonaro, nem deixar de ser catalogados.

*Com informações da Agência Brasil


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