Política
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22 de julho de 2022
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11:37

Dilma rebate declaração de Temer e afirma que ‘a História não perdoa a prática da traição’

Por
Sul 21
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Dilma Rousseff, presidenta (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Dilma Rousseff, presidenta (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Um dia após o ex-presidente Michel Temer afirmar em entrevista ao portal UOL que o impeachment de Dilma Rousseff foi motivado pela relação ruim dela com o Congresso Nacional, a ex-presidenta emitiu nota criticando a declaração.

“Lembro ainda que a ‘dificuldade de diálogo com o Congresso’ não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe”, declarou Dilma.

Para ela, a alegada “dificuldade” teve relação com a rejeição às práticas do então presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que na ocasião já queria implantar o “orçamento secreto”.

Na entrevista, Temer também se referiu à Dilma como uma pessoa “honestíssima”. A menção foi classificada pela ex-presidenta como uma tentativa de Temer de limpar sua imagem de golpista.

“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes”, declarou.

Na nota, Dilma relembra que a traição política cometida por Temer está materializada nos projetos aprovados por ele na presidência, como a PEC do Teto de Gastos, a reforma trabalhista e a mudança na política de preços da Petrobras, pautas que não estavam presentes nos compromissos eleitorais assumidos durante a campanha eleitoral de 2014.

A ex-presidenta conclui sua manifestação dizendo que “a História não perdoa a prática da traição”.

“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes.

É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014.

As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes.

Lembro ainda que a “dificuldade de diálogo com o Congresso” não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.

Tal “dificuldade” era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o “orçamento secreto”, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal.

Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor.”


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