Política
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6 de maio de 2022
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09:40

Gabriel Souza confia na capilaridade do MDB no RS para chegar ao 2º turno

Por
Luís Gomes
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Gabriel Souza participou de coletiva ao lado da senador Simone Tebet | Foto: Joel Vargas/MDB
Gabriel Souza participou de coletiva ao lado da senador Simone Tebet | Foto: Joel Vargas/MDB

A direção do MDB no Rio Grande do Sul organizou nesta quinta-feira (5) uma coletiva de imprensa com a pré-candidata do partido à presidência da República, a senadora Simone Tebet, em que ela defendeu a candidatura própria do partido na disputa pelo Palácio do Planalto. A reportagem do Sul21 aproveitou a ocasião para realizar, juntamente com outros veículos locais, uma mini coletiva com o pré-candidato do partido ao governo do Estado, o deputado Gabriel Souza.

Assim como Simone, Gabriel também postula o posto de candidato de uma frente de centro. A chamada terceira via quer ser alternativa à polarização entre as campanhas de Jair Bolsonaro (PL), que terá como representante no Estado o líder das pesquisas para governador até o momento, Onyx Lorenzoni, e do ex-presidente Lula. O deputado fala sobre as conversas com o PSDB para a formação de uma aliança e sobre o cenário da disputa pelo governo do Estado. Confira a íntegra a seguir:

A terceira via no Rio Grande do Sul também tem alguns candidatos que podem se unir ali na frente. O senhor vê a possibilidade de união com o governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB)? Até quando é o prazo pra decidir pela candidatura do MDB, se vai abrir mão ou não, aqui no RS?

Gabriel Souza: O plano nacional tem uma certa conexão com o plano estadual, inegavelmente, e nós estamos aqui apoiando a pré-candidatura da Simone e achamos que há uma boa relação do MDB nacional com o PSDB nacional, bem como com o Cidadania, que tá federado com o PSDB. Enquanto isso, paralelamente, nós temos conversado com outros partidos para poder compor a nossa coligação, haja visto que o MDB do Rio Grande do Sul definiu ter candidato a governador e escolheu a mim como seu nome. Portanto, nossa construção aqui é da candidatura própria do partido, mas é claro que também sabemos que seria muito importante, se for possível, a unidade desse campo de centro aqui no Rio Grande do Sul também, embora numa situação bem diferente da nacional. A nível nacional, nós temos dois líderes de massa disputando a eleição, um presidente da República, e um ex-presidente da República. Aqui não há isso, há uma outra situação política. Mas é uma situação que, se nós conseguirmos unir forças já no primeiro turno, teremos maiores chances de chegar no segundo turno e vencer a eleição.

Gabriel conversou com a imprensa sobre a disputa pelo governo do Estado | Foto: Joel Vargas/MDB

Isso pode passar por um acordo nacional em que um partido poderia lançar candidato em um estado, outro fica com outro estado, numa divisão nacional? Isso pode se refletir aqui no RS?

Gabriel Souza: Eu acho que é inegável que se eventualmente tivermos uma chapa em que o MDB e o PSDB estejam juntos a nível nacional, ainda mais se tivermos um gaúcho, no caso o Eduardo [Leite], do PSDB, naturalmente pode acabar colaborando pra uma unidade aqui no plano estadual também, mas não é sine qua non, ou seja, não é condicionante pra que a gente tenha uma candidatura. O que eu quero dizer é o seguinte, pode ajudar, mas também poderemos eventualmente termos candidaturas separadas aqui desses partidos no primeiro turno. O ideal, como tenho defendido publicamente, é que tenhamos a maior unidade possível no primeiro turno pra conseguirmos chegar com mais facilidade no segundo turno.

Para o Senado, o MDB faria coligação?

Gabriel Souza: Olha, nós temos o nome do governador José Ivo Sartori, que é o nome que a base do partido gostaria de ver como candidato ao Senado. O governador Sartori tem dito que não gostaria de disputar essa eleição. Disse inclusive gravando um vídeo no mês de março. Eu ainda quero conversar com o governador Sartori pra entender se realmente ele não estaria disposto a concorrer ao Senado. Se estiver disposto, naturalmente a vaga será dele. Em ele declinando, aí nós vamos ter conversas com outros nomes, de outros partidos, porque é uma vaga importante para o Estado, para que o Estado possa ter uma representação política no Senado adequada com o tamanho do Rio Grande do Sul. E aí iremos construir uma candidatura de um partido aliado que possa também colaborar com o nosso plano de governo e com a nossa coligação majoritária.

Qual é o impacto da demora da indefinição de Eduardo Leite nesse cenário aqui pro Estado do Rio Grande do Sul?

Gabriel Souza: Eu me incomodava muito com a demora do MDB em escolher o seu candidato a governador, porque a base nos cobrava muito. A base queria muito um pré-candidato a governador pra começar a trabalhar o nome, que é o que estou fazendo agora. Estou há quatro semanas apenas como pré-candidato, mas tenho trabalhado, estava em Santa Vitória do Palmar ontem (quarta-feira), hoje amanheci em Pelotas, e assim por diante. O PSDB tem as suas instâncias, eu não tenho como achar ruim ou bom o que o PSDB vai fazer, quando vai fazer, em que momento fará. O que eu posso dizer é que o MDB tem também as suas instâncias e tem as suas estratégias. Então, nós estamos conversando com os partidos, estamos dialogando, o presidente Fábio Branco tem conversado com várias siglas e essas siglas, muitas delas, inclusive já demonstram interesse em estar junto com o MDB nessa eleição. Então, claro que se for possível ter, como falei, uma unidade do centro com o PSDB junto, melhor ainda. Se não for possível, nós vamos ter a nossa coligação, a nossa candidatura e vamos pra eleição pra disputar e vencer o pleito.

A gente tem hoje como favorito nas pesquisas o candidato Onyx Lorenzoni, que é o candidato apoiado pelo presidente Bolsonaro, mas é de um partido que não tem estrutura no Rio Grande do Sul e a gente sabe que estrutura partidária, ainda mas aqui no Estado, pesa muito. Tivemos o próprio MDB com candidaturas em duas eleições que cresceram de um dígito para ganhar. Você acha que isso pode ser o “calcanhar de Aquiles” da candidatura de Onyx, permitindo que a sua candidatura cresça e chegue ao segundo turno?

Gabriel Souza: Não gosto de analisar a campanha do adversário, porque eu me preocupo mais com a minha, né? Mas eu concordo contigo, acho que te respondo de forma indireta, concordando que a estrutura partidária é fundamental. Nós temos mais de 1,1 mil vereadores, 135 prefeitos, 124 vice-prefeitos, 250 mil filiados. Fizemos convenção sábado passado em 97% dos municípios do Estado simultaneamente, no mesmo dia. Isso tem um peso, eu até costumo brincar com meus prefeitos: ‘Olha, prefeito, calcula aí quantos eleitores têm na tua cidade? Dez mil. Dez mil eleitores vão dar 300 votos, 3%, que é o que eu tenho nas pesquisas hoje? Nós vamos fazer 300 votos aqui para o governo do Estado, o MDB vai fazer 300 votos no seu município?’. Logicamente que não. Então, assim como a Simone, eu ouvia ela falar agora que ela tem a menor rejeição, eu também tenho. Ela tem uma baixa intenção de voto, eu também tenho. E ela tem um grande grau de desconhecimento, eu também tenho, que é uma coisa positiva nas campanhas eleitorais, porque somos páginas em branco e vamos ser escritas aí pro eleitor durante o processo eleitoral. Ou seja, vamos ser apresentados para o eleitor durante a eleição. E a eleição só vai acontecer depois do dia 16 de agosto. Então, daqui até lá, muita água vai passar embaixo da ponte, depois que o eleitor vai começar a olhar a eleição. Eu estou muito tranquilo em relação a isso e acho que nós temos um ponto forte, sim, que é a capilaridade do MDB e do partido no interior do Estado, na Capital, inclusive, com o prefeito Sebastião Melo, entre outros prefeitos importantes, que vai fazer com que a gente cresça nas pesquisas e chegue no segundo turno. Aqueles que não têm esse mesmo elemento positivo nas suas campanhas, certamente terão que usar outras estratégias.


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