Política
|
5 de maio de 2022
|
18:12

No RS, Simone Tebet defende candidatura: ‘O PSDB não é o que era’

Por
Luís Gomes
[email protected]
A senadora Simone Tebet participou de coletiva ao lado de lideranças do MDB no Estado | Foto: Joel Vargas/MDB
A senadora Simone Tebet participou de coletiva ao lado de lideranças do MDB no Estado | Foto: Joel Vargas/MDB

Em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (5), em Porto Alegre, a pré-candidata do MDB à presidência da República, senadora Simone Tebet (MS), deixou claro que não pensa em desistir de concorrer e que, caso os partidos unidos na chamada Frente Democrática — MDB, PSDB e Cidadania — entrem em acordo por outro nome, ela não aceitaria concorrer à vice-presidência.

Tebet esteve em Porto Alegre para conhecer o South Summit Brasil, evento de tecnologia e inovação que está ocorrendo em Porto Alegre desde quarta-feira (4), mas também para se reunir com a cúpula emedebista no Estado, que tem defendido a candidatura própria. Ao ser questionada se os partidos da frente conseguiram decidir quem será candidato até o dia 18 de maio, Tebet lembrou que este prazo havia sido estipulado originalmente pelo União Brasil, que deixou as conversas, ao menos no momento, para lançar a candidatura do deputado federal Luciano Bivar (PE). “Há de se perguntar a eles por que não esperaram até o dia 18”, disse.

Contudo, confirmou o dia 18 como uma data de decisão. “Nós teremos o dia 18 como data final mesmo, de ver se o PSDB e o Cidadania caminharão conosco ou não, mas independente disso o MDB terá a pré-candidatura e depois candidatura própria”, afirmou.

Por outro lado, logo em seguida destacou que o “tempo da política é outro” e que mesmo que um acordo não seja firmado agora, não poderia se descartar a formação de aliança no futuro. A senadora defendeu que ainda há uma grande parte da população que não está preocupada com as eleições e que, mais próximo do pleito, haverá oportunidade para reanalisar o cenário.

“A gente anda nas ruas e vê que a população brasileira não está preocupada com a eleição agora. E não é só a classe menos favorecida, a classe média, o que é uma novidade nas eleições nesta época do ano. A cada dois anos, a classe média já interage e quer saber de política, falar de política. Mas, como hoje ela tá devendo no cartão de crédito, não porque dividiu em dez vezes a ida pro Nordeste, está se endividando para pagar o supermercado, comida pra comer, nesse momento as pessoas não querem saber de política. Eu quero dizer com isso que, em que pese podermos sair com candidaturas próprias, nós teremos pelo menos mais 60 dias até a convenção pra depois, lá na frente, convergir. Então essa divergência temporária não é uma divergência que nos separa em absoluto, porque nós somos convergentes naquilo que é mais importante: apresentar alternativas de escolha ao eleitor. Essa não pode ser uma eleição de rejeitados, onde eu vou votar num porque não quero outro, eu vou votar no outro, porque não quero um. Essa é uma eleição muito importante pra termos que fazer uma escolha tão cruel quanto essa”, disse.

Simone Tebet esteve em Porto Alegre para acompanhar o South Summit Brasil | Foto: Joel Vargas/MDB

Ao longo da coletiva, ela defendeu várias vezes que o seu nome seria o melhor por ter menor rejeição entre os candidatos e também por ser ainda pouco conhecida, o que aumentaria a sua possibilidade de crescimento. Questionada então pela reportagem se seria o momento do PSDB abrir espaço para a sua candidatura, em razão do governador paulista João Doria, pré-candidato tucano, ter rejeição maior, a senadora riu e disse que não poderia responder a essa pergunta, mas salientou que segue com a expectativa de que haja união em torno de seu nome.

“Luís, se você quer eu te pago uma passagem pra fazer essa pergunta pro PSDB, adorei essa pergunta, mas não poderia responder. Eu posso te levar pra você fazer essa pergunta pra eles. Nós estamos dialogando com o PSDB, o PSDB tem tem consciência da dificuldade. Repito, houve uma prévia, não vou entrar em detalhes se escolheram bem ou escolheram mal, mas fizeram a sua escolha e hoje realmente estamos diante de um pré-candidato que tem um alto índice de rejeição, num partido que hoje, você tem razão, não é mais o partido que era, seja na Câmara dos Deputados, seja no Senado Federal, tem pouca bancada, mas hoje governa o maior estado da federação brasileira, que é São Paulo. Nós estamos dialogando e temos esperança que até o dia 18 a gente possa convencer também o pré-candidato João Doria de que nós somos o melhor nome. Nós estamos trabalhando pra isso. Se não for dia 18, nós não vamos desistir”, disse.

Já sobre a possibilidade de ser candidata a vice numa eventual chapa liderada pelo PSDB, Tebet foi mais enfática e disse não ter interesse de participar da disputa nessa condição.

“Eu sou muito mais altruísta do que isso. Eu quero dizer que, se eu estou pronta para deixar um mandato que tinha uma segurança relativa de uma reeleição — o seu mandato de senadora acaba no final deste ano — para cumprir uma missão, eu estou pronta também para estar no palanque dessa frente democrática segurando bandeira, entregando santinho, independente de posto. Eu não preciso ser candidata a vice-presidente. Eu estou me preparando, como me preparei a vida inteira, para ser a candidata do MDB à presidência da República. Eu me sinto preparada. Se dentro dessa frente democrática, outro nome surgir, terá o meu apoio, mas eu não serei vice”, disse. “Abrir mão de ser candidata, tendo mais ou menos o mesmo índice e não tendo tanta rejeição, eu sou a pré-candidata com a menor rejeição entre os colocados, a menos conhecida, o que permite também um crescimento, eu ser preterida nesse processo da frente me faz estar nesse palanque, mas abdicar dessa missão. Eu quero colaborar, abro espaço para que outras pessoas possam estar na foto. Eu só não posso desmerecer as mulheres nesse momento, nessa circunstância em que eu me encontro, só para dizer que precisa ter um santinho em que tem alguém que use batom ou que use saia. Em nome das mulheres brasileiras, seria desmerecer nesse cenário”, afirmou.

Por outro lado, deixou clara a sua admiração pelo ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sinalizando que gostaria de tê-lo como aliado. “Teria o maior prazer de caminhar ao lado do Eduardo Leite, em qualquer posição. Vejo nele, repito, um dos jovens com grande futuro político do país, não é o único, mas um dos. Mas hoje temos que respeitar o resultado das prévias [do PSDB]. Tenho dialogado com o Eduardo Leite, ainda ontem conversei com ele, temos falado de política, mas especialmente, isso é o que me surpreende nele, temos falado de Brasil. Ele tá pronto pra jogar em qualquer time, no sentido do time da democracia, e tá pronto também pra ocupar qualquer posição”, disse.

Simone também foi questionada, em mais de uma pergunta, sobre as críticas que tem recebido de caciques do partido, notadamente de Renan Calheiros, que disse na quarta-feira (4) ser uma “insanidade” o MDB ter candidatura própria com 1%. Tebet afirmou que já gastou “saliva demais” com o senador e que entende que algumas lideranças emedebistas não defendam candidatura própria por questões políticas, mas que o partido está unido a favor de seu nome. “Nós não temos unanimidade dentro do partido, mas temos a maioria absoluta do partido. O importante é que nós teremos a unidade do partido na convenção. Essa unidade vai significar, eu não tenho dúvidas, mais de 90% do diretório. Eu não me lancei pré-candidata, esse movimento surgiu do chão, inclusive do Rio Grande do Sul, surgiu da base”, disse.


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora