Eduardo Leite renunciou ao cargo de governador do Rio Grande do Sul no começo da noite dessa quinta-feira (31). Mirando a disputa da Presidência da República, o agora ex-governador deu as linhas gerais do tom que pretende adotar se confirmar mesmo a sua candidatura: as palavras “sonho” e “esperança” foram citadas algumas vezes durante a leitura do discurso de despedida.
“O sonho é sempre generoso, não desiste da gente, resiste. O sonho nos aproxima, nos torna iguais. Quando sonhamos, nos tornamos ainda mais humanos”, declarou, em tom sentimental.
Leite usou a metáfora do sonho para explicar qual acredita ter sido a postura administrativa do seu governo durante três anos e três meses. Enalteceu realizações da sua gestão e citou “indignação” diante dos problemas do RS na condução do governo. “Voltamos a poder imaginar um futuro promissor”, disse, citando investimentos de mais de R$ 6 bilhões do programa Avançar.
“Apostamos numa política sem rupturas, porque traumas não são bons”, destacou, se apresentando como um homem de diálogo e respeitador das diferentes opiniões. Do lado de fora do Piratini, também nessa quinta-feira, servidores de todas as áreas da segurança pública fizeram um ato repudiando a proposta de reajuste salarial de 6% apresentada pelo governo estadual frente à inflação de quase 20% durante a gestão Leite.
Assim como os trabalhadores da segurança pública, os professores são outra categoria nem um pouco satisfeita com o governo de Leite e o discurso de homem de “diálogo”. Ao ponto do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) se preparar para “conceder” ao ex-governador o título de “maior mentiroso da história do RS” em assembleia da categoria nessa sexta-feira (1º). A principal “mentira” contada por Leite, segundo o Cpers, é o reajuste de 32% concedido aos professores. Pelos cálculos do sindicato, somente 14% dos educadores do Estado receberam 30% ou mais de reajuste salarial.
Em sua fala de despedida, o ex-governador elogiou a lealdade do seu vice, Ranolfo Vieira, a partir de agora o novo governador do Estado, e voltou a indicar o caminho do discurso que adotará na jornada rumo ao Palácio do Planalto. “Não saio (do governo estadual), me apresento para cumprir meu papel de cidadão.”
