Geral
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29 de maio de 2024
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16:12

Operação emergencial da Trensurb começa nesta quinta (30), sem cobrança de passagem

Por
Bettina Gehm
bettinagehm@sul21.com.br
Operação da Trensurb retorna parcialmente nesta quinta (30). Foto: Divulgação
Operação da Trensurb retorna parcialmente nesta quinta (30). Foto: Divulgação

Nesta quinta-feira (30), a Trensurb começa a operação Trilho Humanitário, com serviço emergencial entre as estações Novo Hamburgo e Mathias Velho, em Canoas. Os trens vão circular das 8h às 18h, com intervalo de 35 minutos. A empresa está impossibilitada de cobrar passagem dos usuários, já que o sistema de bilhetagem foi afetado, portanto, o serviço será gratuito até que o sistema seja recuperado em no máximo 30 dias. As informações foram repassadas à imprensa em coletiva nesta quarta-feira (29).

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Serão 13 estações em funcionamento ao longo de 26 km. Entre as estações Novo Hamburgo e Unisinos, a circulação do trem será pendular (vai e volta numa única linha). Na Unisinos haverá o transbordo e, dali até a estação Mathias Velho, o trem segue na chamada operação carrossel, em que dois trens vão e voltam. A companhia estima transportar 30 mil passageiros por dia.

Ao Sul21, a Metroplan informou que colocará em circulação os ônibus da empresa Transcal para transportar passageiros entre a estação Mathias Velho e o terminal Conceição, no Centro de Porto Alegre. Nesses ônibus, a tarifa será cobrada no valor de R$ 6,85. Será aceito dinheiro e o Cartão TEU. A oferta dos ônibus está conjugada com os horários de chegadas e partidas do trem na estação Mathias Velho que pode ser verificado neste documento.

O governo estadual vai prover segurança reforçada nas estações da Trensurb. O diretor-presidente da estatal, Fernando Marroni, esclareceu que foi dada ao governo a sugestão de fazer um credenciamento dos trabalhadores de serviços essenciais, que teriam prioridade para acesso ao trem. No entanto, a gestão estadual respondeu que não há essa possibilidade, portanto não haverá passageiros prioritários na operação emergencial.

Estação Mercado repleta de água contaminada e lixo. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

No médio prazo, a Trensurb quer voltar a operar até a estação Farrapos. “Queremos fazer isso em etapas”, explicou Marroni. “Chegar até o Aeroporto, por exemplo, é muito estratégico. Da Farrapos até a estação Mercado, não temos uma avaliação mais apurada, mas não temos expectativa de retomar essa operação antes do final do ano”.

Marroni esclareceu que as estações não são o grande problema, e sim a linha férrea. Com a enchente de 2023, em que a Trensurb deixou de operar durante três dias entre as estações Farrapos e Mercado, foi preciso retirar o trilho do trecho para trocar a brita. “Pela experiência de nossos técnicos, teremos que trocar toda essa rede, porque a brita dá sustentação aos trilhos. Com lama ela perde essa sustentação. Hoje só temos garantia de segurança no trajeto de 26 km [entre Novo Hamburgo e Mathias Velho]”.

 

Foto: Isabelle Rieger/Sul21

As subestações de energia na estação Fátima e na Farrapos ficaram submersas, por isso a dificuldade em avançar as operações. “Já fizemos contratações emergenciais de empresas especializadas para reerguer as estações”, afirmou Marroni. A Trensurb enfrenta dificuldade para conseguir os equipamentos necessários para alguns reparos, portanto busca emprestar ou alugar maquinário de outras operadoras de trem no Brasil.

O prejuízo calculado até agora é de R$ 168 milhões, que o governo federal já subsidiou através de uma medida provisória.

As estações São Pedro, Rodoviária e Mercado, que são subterrâneas, estão até hoje com água até a entrada no nível da rua. Marroni disse que elas serão drenadas e limpas “com urgência” por uma questão sanitária, mas que ficarão lacradas e inoperantes por tempo indeterminado.

“Em 40 anos, a Trensurb nunca havia parado a operação totalmente”, disse Marroni. Os trens estão sem operar desde o dia 3 de maio, quando a empresa recebeu um comunicado da Defesa Civil de que a cota do Guaíba atingiria o pátio onde ficam os trens. A primeira medida foi suspender a operação às 16h e “guardar” os veículos na via elevada entre Novo Hamburgo e São Leopoldo.

Em seguida, foi retirado o sistema informatizado de dentro do prédio da Trensurb, ainda alagado, e transportado por um avião da Força Aérea até Brasília. Na capital, depois de 6 dias, o sistema já estava operando para realizar tramitações administrativas ainda durante a enchente.

Mais intercorrências atrasaram a operação emergencial da empresa. Um princípio de incêndio registrado dia 24 na subestação de energia São Luís, em Canoas, foi causado por umidade. A chuva dos dias seguintes impediu o conserto do equipamento.


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