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1 de abril de 2024
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19:39

Censo 2022: Levantamento aponta que 30% dos imóveis do Centro estavam desocupados

Por
Luís Gomes
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Centro tem taxa de desocupação bastante acima da de Porto Alegre. Foto: Luiza Castro/Sul21
Centro tem taxa de desocupação bastante acima da de Porto Alegre. Foto: Luiza Castro/Sul21

Um levantamento realizado pelo pesquisador André Augustin, do Observatório das Metrópoles de Porto Alegre, aponta que 30,5% dos domicílios no Centro de Porto Alegre e 22,5% no 4º Distrito — bairros Humaitá, Farrapos, Navegantes, São Geraldo e Floresta — não estavam ocupados no momento da coleta de dados para o Censo 2022. Os percentuais estão acima da média da cidade, que é de 18,7%.

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ainda em junho do ano passado os dados do Censo que indicam que a Capital tinha 686.414 domicílios particulares permanentes em 2022, dos quais 558.151 estavam ocupados, 101.013 vagos e 27.250 eram de uso ocasional — são utilizados, mas não como moradia permanente. Isso significa que 14,7% dos domicílios estão totalmente desocupados e 4% são ocupados ocasionalmente, totalizando 18,7% não ocupados. Contudo, na ocasião, ainda não era possível saber o detalhamento da ocupação de imóveis por região da cidade.

Em março, o IBGE divulgou os primeiros resultados por setor censitário, o que permitiu analisar o total de domicílios não ocupados em cada setor. Augustin explica um setor censitário é a menor área de análise do Censo, podendo ser apenas uma quadra. A análise que o pesquisador fez leva em conta todos os setores censitários que compõem um bairro, mas alguns setores estão localizados em mais de um bairro, o que dificulta a análise por bairros. Contudo, ele destaca que, no caso do Centro, limites dos setores censitários e do bairro estão bastante aproximados, o que permite fazer a análise.

De acordo com o levantamento, o Centro Histórico tem cerca de 25,5 mil domicílios particulares, dos quais 7,8 mil eram considerados vagos ou de uso ocasional.

 

Levantamento do Observatório das Metrópoles indica taxas de não ocupação de domicílios nos bairro Centro Histórico | Fonte: Observatório das Metrópoles

Já a análise dos setores censitários que se localizam dentro dos limites dos bairros que compõem o Quarto Distrito indicam índice de não ocupação acima da média da cidade em quatro deles. De acordo com o levantamento de Augustin, 28,4% dos domicílios do bairro Floresta estão desocupados (vagos ou em ocupação ocasional), 27,7% no bairro Navegantes, 24,2% no São Geraldo e 19,3% no Farrapos. O único bairro da região com taxa de desocupação menor que a média da cidade é o Humaitá, com 16,3%.

 

Levantamento do Observatório das Metrópoles indica taxas de não ocupação de domicílios nos bairros do Quarto Distrito | Fonte: Observatório das Metrópoles

O detalhamento das taxas de desocupação por setor censitário em toda a cidade pode ser visto abaixo.

 

Levantamento do Observatório das Metrópoles indica taxas de não ocupação de domicílios na cidade de Porto Alegre | Fonte: Observatório das Metrópoles

Em postagem nas redes sociais, o Observatório das Metrópoles destaca que Centro e Quarto Distrito são alvo de uma política dirigida pela Prefeitura da cidade, que planeja dobrar a população dessas regiões a partir da eliminação da altura máxima de prédios e outras medidas de incentivo à construção civil e ao setor imobiliário, como a concessão de benefícios fiscais e a permissão para conversão de unidades de escritório em domicílios e o desmembramento de unidades existentes, o chamado retrofit.

Para o Observatório, contudo, os dados do Censo de 2022 indicam que o que impede a ocupação do Centro não é a falta de imóveis ou supostas dificuldades para a construção, uma vez que já existe um excedente de domicílios disponíveis. Lembra ainda que o déficit habitacional na Região Metropolitana de Porto Alegre — não apenas na Capital — é estimado em cerca de 90 mil moradias, número inferior ao de domicílios vagos.

“Os dados do Censo mostram que precisamos rediscutir a política habitacional que vem sendo adotada nos últimos anos. Não podemos aceitar que o modelo do Centro e do 4D sejam copiados para o resto da cidade na revisão do Plano Diretor”, diz a nota do Observatório.


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