Engenheiros do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) e da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) no Rio Grande do Sul divulgaram nesta semana uma manifestação em que alertam para riscos de intoxicação causada pelo uso de geradores em meio a apagões de energia.
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A manifestação destaca que o uso de geradores teve grande impacto no Rio Grande do Sul recentemente após o temporal registrado no dia 16 deixar mais de um milhão de usuários sem energia elétrica, sendo utilizados especialmente por hospitais, farmácias e call centers, além de muitos condomínios e prédios residenciais, entre outros serviços considerados como essenciais. O alerta ocorre após a Superintendência Regional do Trabalho receber, na semana passada, relatos de trabalhadores que passaram mal, com dor de cabeça, enjoos, tontura, vômitos e fraqueza devido à inalação de gases de exaustão liberados por geradores à diesel.
No documento, os engenheiros Sérgio Augusto Letizia Garcia, auditor fiscal do Trabalho, e Francisco Kulcsar Neto, tecnologista aposentado da Fundacentro, alertam que a queima do diesel ou gasolina desses geradores provoca a combustão, uma reação química em que um combustível reage com um comburente – material gasoso que contenha oxigênio, como o ar –, liberando energia na forma de calor e outros produtos, como água, dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2) (se a combustão for completa) e monóxido de carbono (CO) (se a combustão for incompleta).
Destacam também que a queima dos combustíveis libera monóxido de carbono (CO), um asfixiante químico que possui mais afinidade com a hemoglobina do sangue do que o oxigênio. A ligação do monóxido de carbono com a hemoglobina forma a carboxihemoglobina, que dificulta a circulação e distribuição do oxigênio para as células do organismo, podendo levar à morte por asfixia química.
Os engenheiros apontam que a inalação de monóxido de carbono é apontada como a causa da morte de quatro jovens que faleceram no interior de um veículo na rodoviária de Camboriú (SC) no início do ano.
A manifestação traz medidas que podem ser tomadas para evitar a intoxicação, são elas:
1. Cumprir as Normas Regulamentadoras de Segurança e Higiene do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego;
2. Obedecer as normas de segurança elétrica; segurança química no manuseio, armazenamento e transporte de combustível; prevenção contra o perigo/risco de incêndio/explosão; higiene do trabalho no controle da exposição ocupacional ao monóxido de carbono (CO);
3. Guardar em lugar de fácil acesso a Folha de Dados de Intoxicação/Envenenamento por Monóxido de Carbono e o Manual de Instruções do Fabricante;
4. Quando sentir dor de cabeça, enjoado, com vômito, tonto ou fraco procure imediatamente atendimento médico, Não protelar, retardar ou atrasar os procedimentos de emergência. Casos mais graves chamar por socorro no telefone de emergência do Corpo de Bombeiros 193;
5. Sinalizar a área de trabalho quanto ao perigo/risco de intoxicação/envenenamento por monóxido de carbono (CO); O monóxido de carbono (CO) não tem cor, cheiro ou gosto, ou seja, o
trabalhador pode ser intoxicado sem qualquer sinal de alerta;
6. Ventilar adequadamente a área de instalação do gerador para o seu correto funcionamento e para o controle da dispersão do monóxido de carbono (CO);
7. Instalar e testar regularmente detectores de monóxido de carbono (CO) operados por bateria ou com bateria reserva próximo ao local de instalação do gerador, tanto nas empresas como nas residências;
8. Sinalizar a área de trabalho quanto ao perigo/risco de choques, eletrocussão. Não esquecer que geradores a combustão podem causar choques elétricos, eletrocussão e queimaduras nos
trabalhadores, especialmente se forem operados em condições úmidas;
9. Sinalizar a área de trabalho quanto ao perigo/risco de incêndio e queimaduras; É aconselhável manter um extintor de incêndio próximo ao gerador, pois os equipamentos geradores podem causar incêndios, explosões, queimaduras, ferimentos, incapacidades e mortes de trabalhadores devido à exposição ocupacional aos combustíveis;
10. Instalar geradores em áreas externas longe das residências, áreas internas de trabalho ou áreas externas especificamente ventiladas e projetadas para essa finalidade;
11. Instalar geradores portáteis em locais longe das residências ou ambientes de trabalho. Mesmo longe das edificações devem ser bem ventilados, com proteção contra umidade ou incidência de água da chuva e outros tipos. Coloque o equipamento gerador ao ar livre e longe de portas, janelas e aberturas de ventilação que possam permitir a entrada de monóxido de carbono (CO) em ambientes internos nos edifícios, residências ou ambientes de trabalho.
