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8 de maio de 2024
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12:56

Feiras Ecológicas lançam campanha para ajudar assentamentos atingidos pelas enchentes

Por
Marco Weissheimer
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Assentamento Integração Gaúcha desenvolveu-se como um modelo de agricultora ecológica e biodinâmica (Foto: Maia Rubim/Sul21)
Assentamento Integração Gaúcha desenvolveu-se como um modelo de agricultora ecológica e biodinâmica (Foto: Maia Rubim/Sul21)

“Nós do assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul, perdemos tudo, só sobrou a roupa do corpo. Estamos destroçados. 33 anos de construção do nosso paraíso se foi tudo”. O relato de Marcia Riva, moradora do assentamento, resume o sentimento de todas as famílias de assentados, pequenos agricultores familiares, agricultores ecologistas que perderam tudo ou praticamente tudo nas enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul neste final de abril, início de maio.

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O Assentamento Integração Gaúcha desenvolveu-se como um modelo em produção de arroz orgânico, produção agroecológica e biodinâmica, sediando também a padaria Pão da Terra, construída por mulheres assentadas que prometeram, quando estavam acampadas em uma situação de fome, que, quando conquistassem a terra, fariam o melhor pão do mundo. Os pães da padaria Pão da Terra são bem conhecidos pelos frequentadores da Feira dos Agricultores Ecologistas (FAE), aos sábados, no Parque da Redenção. Confira abaixo vídeo que o Sul21 produziu, em 2022, no Assentamento Integração Gaúcha

A família de Marcia está bem, em Porto Alegre, onde foi acolhida por uma cliente da Feira dos Agricultores Ecologistas. “Estamos atuando em várias frentes, nossa colonada está muito abalada e estamos organizando atendimento psicológico, além de outros tipos de apoio”, relata. As feiras de agricultores ecologistas estão mobilizando voluntários para o trabalho de reconstrução dos assentamos no pós-enchente. “Sabemos que, quando chegarmos lá, não teremos nem o que comer”.  As feiras que funcionam em Porto Alegre organizaram uma campanha para recebimentos de doações  destinadas a atender os agricultores de Eldorado, Nova Santa Rita e Guaíba. Foi montado um QG na rua Olavo Bilac, n° 735, em Porto Alegre, que está funcionando das 10h às 17h.

Divulgação

“Estamos todos mobilizados para ajudar quem nos alimenta. Nossos agricultores ecologistas atingidos pela inundação que causou danos a mais da metade dos municípios do nosso Estado necessitam dos parceiros urbanos mais do que nunca”, destacam os organizadores da campanha. Na lista de possíveis itens para serem doados neste momento destacam-se as seguintes prioridades:

Água potável, alimentos não perecíveis, colchões (novos ou em bom estado), roupas, calçados, cobertores, toalhas de rosto e de corpo, lençóis e travesseiros, repelente, materiais de higiene e limpeza.

MST vai priorizar região de Eldorado do Sul

Segundo a direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cinco assentamentos localizados na Região Metropolitana de Porto Alegre ficaram submersos em decorrência das chuvas. Em Eldorado do Sul, foram atingidos os assentamentos Integração Gaúcha, Apolônio de Carvalho e Conquista Nonoaiense. Em Nova Santa Rita, os assentamentos Santa Rita de Cássia e do Sino. Pelo menos 420 famílias foram atingidas pelas enchentes. 

O MST estima que vai demorar cerca de uma semana ainda para que as famílias possam voltar para os assentamentos e avaliar com mais precisão a extensão dos prejuízos. O movimento decidiu priorizar a região de Eldorado do Sul, para tentar salvar a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), que foi alagada. As plantações de arroz orgânico já tinham sido afetadas pela enchente de novembro de 2023, o que obrigou os assentados a plantar fora da janela agrícola ideal. Eles estavam em fase agora de colher esses grãos e o MST estima que mais de 50% dessa produção foi prejudicada, além da perda de máquinas, caminhões e locais de armazenamento.


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