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4 de fevereiro de 2022
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08:41

Comunidade Mbya Guarani está sob ameaça na retomada de Canela, alerta Cimi

Por
Sul 21
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Mbya Guarani encontraram madeira serrada em forma de tábuas, caibros, barrotes e palanques na área da retomada (Arquivo pessoal)
Mbya Guarani encontraram madeira serrada em forma de tábuas, caibros, barrotes e palanques na área da retomada (Arquivo pessoal)

A comunidade Mbya Guarani – liderada pelo Xeramoi Augustinho Duarte e por sua filha Maria, que realizou, no mês de novembro de 2021, uma ação de retomada de terra no município de Canela, numa área que é de domínio do Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), denunciou a ocorrência de uma possível exploração indevida de madeira na região, informou nesta sexta-feira (4) o Conselho Indigenista Missionário – Regional Sul (Cimi Sul).

No dia 3 de fevereiro, com a presença de integrantes do Cimi Sul, a área desmatada foi fotografada, ocasião em que se verificou a existência de madeira serrada em forma de tábuas, caibros, barrotes e palanques. A comunidade informou ainda que por volta das 23h45min da noite do dia 3 de fevereiro, o provável responsável pelas derrubadas das árvores ateou fogo nas madeiras que estavam cortadas e serradas.

Área desmatada foi fotografada por integrantes da comunidade (Arquivo pessoal)

Para o Cimi Sul, há duas razões para esse ato criminoso: tentar livrar-se das provas de uma denúncia por desmatamento em área do Estado; ou tentar responsabilizar e criminalizar os indígenas, atribuindo a eles o incêndio. Foram feitos registros fotográficos das madeiras serradas. A comunidade Mbya Guarani, diante deste fato, fez um apelo ao Ministério Público Federal e ao Conselho Estadual dos Povos Indígenas para que se dirijam ao local e realizem a averiguação dos fatos. Também pediu que busquem identificar se a área em questão encontra-se sob os domínios da CEEE ou se pertence a particulares. A comunidade exige, caso haja crime, que os responsáveis sejam punidos.

As lideranças denunciam também que foram hostilizadas por um homem que dirigia uma camionete branca, de placa AJU 2470. O veículo foi filmado e fotografado por integrantes da comunidade. Os Mbya aguardam ainda que a Fundação Nacional do Índio (Funai) proceda aos estudos circunstanciados de identificação e delimitação da terra o mais breve possível.

Há uma ação de reintegração de posse movida pela CEEE e que vem sendo instruída pela 3ª Vara da Justiça Federal de Caxias do Sul. Os Mbya avaliam que as ações de intimidação que sofrem e o incêndio criminoso podem ser utilizados pelos que se opõem aos direitos indígenas, neste processo judicial. Diante disso, defendem que os órgãos competentes procedam às investigações das denúncias feitas pela comunidade.

O Conselho Indigenista Missionário, Regional Sul, manifestou seu apoio e solidariedade aos Mbya Guarani que reivindicam a demarcação das terras e ao mesmo tempo reforçou o pedido pela apuração dos fatos denunciados.


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