Cultura
|
29 de fevereiro de 2024
|
14:46

Documentário ‘Amanhã’ estreia no CineBancários nesta quinta (29)

Por
Sul 21
[email protected]
Documentário Amanhã se passa em Belo Horizonte. Foto: Divulgação
Documentário Amanhã se passa em Belo Horizonte. Foto: Divulgação

Exibido em competição no É Tudo Verdade e premiado no 27º FAM – Florianópolis Audiovisual Mercosul (Melhor Longa Júri Popular), “Amanhã”, de Marcos Pimentel, investiga a realidade social do Brasil acompanhando um grupo de crianças em 2002, e depois, quando já são adultos, em 2022. Produzido pela Tempero Filmes, o longa é distribuído pela Descoloniza Filmes e chega ao CineBancários nesta quinta-feira, 29 de fevereiro.

Universos sociais distantes são separados pela Barragem Santa Lúcia, em Belo Horizonte. De um lado, uma favela, do outro, um bairro de classe média. A proximidade geográfica, no entanto, é contraposta pela distância social. O filme começa em 2002, quando Pimentel filma um grupo de crianças dos dois lados da barragem, abordando suas atividades cotidianas, seus sonhos e aspirações para o futuro. Duas décadas depois, ele volta, e reencontra os irmãos Julia e Christian. Assim como eles, o país não é o mesmo.

Pimentel conta que, ao se mudar para Belo Horizonte, em 2000, se espantou com a região da Barragem, com a discrepância que havia de cada lado. Uma das coisas que mais o impressionou é que as pessoas da classe média não iam para o outro lado, e vice-versa. Isso lhe pareceu uma espécie de apartheid em plena virada do milênio.

“Então, resolvi pegar crianças de cada lado, provocar o encontro delas na barragem e levar uma pra passar um fim de semana na casa da outra e vice-versa. Como criança não têm preconceitos, surgiram encontros maravilhosos entre pessoas que moravam tão perto, mas ao mesmo tempo eram tão distantes. Era a vontade de unir duas pontas de uma sociedade partida, eliminando distâncias entre quem vive lado a lado em partes muito diferentes de uma mesma cidade, fingindo que não tem vizinhos tão diferentes logo em frente às suas casas”, conta o diretor.

Depois das filmagens iniciais, o diretor sempre pensava como poderiam estar aquelas crianças, mas foi só com o governo de Bolsonaro, que ele resolveu voltar ao local, procurá-las, e retomar o documentário. “O Brasil mudou radicalmente nos últimos anos. Entre 2002 e 2022, o país foi virado do avesso e a sociedade brasileira reflete cada uma destas mudanças. Os trágicos 4 anos do governo Bolsonaro me deixaram com a certeza de que havia chegado o momento certo para voltar. Havia ali um ponto de mudança capaz de dialogar perfeitamente com o efeito do tempo sobre as crianças filmadas em 2002.”

Pimentel aponta que a divisão no país sempre existiu, mas com a eleição de Bolsonaro, tudo ficou bem mais escancarado que antes, fazendo com que países completamente diferentes coexistissem dentro de uma mesma cidade, em uma mesma sociedade. E “Amanhã” convida o espectador a refletir sobre o conturbado momento que o país experimenta, apontando que isso é um reflexo dos abismos sociais que sempre existiram dentro de nossas fronteiras e dentro de nossas cidades.

O cineasta evidencia que não foram apenas o país e as crianças entrevistadas que se transformaram, ele mesmo, como documentarista, construiu uma carreira nesse tempo. “Em 2002, eu dava meus primeiros passos no universo do cinema documentário. Ao longo dos últimos 20 anos, me tornei um documentarista e passei a utilizar meus filmes para falar com o mundo. Tudo que quero dizer para as pessoas, coloco nos filmes que faço, que são minha forma de expressão. Não sou de me apegar a grandes certezas, acredito e aposto mais nas dúvidas, mas talvez “Amanhã” tenha sido o filme que mais me ensinou sobre o que é ser documentarista e todas as implicações contidas na feitura de um filme documentário, sobretudo nos dias de hoje, quando não há como deixar de falar de determinadas coisas.”

“Amanhã” será lançado no Brasil pela Descoloniza Filmes.

Servidão
Brasil/Documentário/2019/82min
Direção: Renato Barbieri

Sinopse: Longa documental sobre o trabalho escravo contemporâneo com foco na Amazônia brasileira. Foram ouvidos trabalhadores rurais que foram escravizados em frentes de desmatamento no Norte do Brasil e abolicionistas contemporâneos de diferentes vertentes. Embora as condições de trabalho análogas à de escravo sejam consideradas crime previsto pelo Código Penal Brasileiro, o regime da servidão é praticado no Brasil desde sempre, há cinco séculos. A Lei Áurea aboliu a escravidão clássica, mas não transformou as relações de trabalho no Brasil, que perduraram. Com narração de Negra Li, o documentário é um contundente registro sobre uma das maiores mazelas do Brasil.

Elenco: Marinaldo Soares Santos, Negra Li, Dodô Azevedo, Rafael Sanzio dos Anjos, Alberto da Costa e Silva, Ana Maria Gonçalves, Marcelo Gonçalves Campos, Victor Leonardi, Leonardo Sakamoto, Gladyson Pereira, Luis Camargo de Melo, Ricardo Rezende Figueira, Ela Wiecko, João Roberto Ripper, Fabrícia Carvalho, Cláudio Secchin, Binka Le Breton, Gildásio Silva Meireles, Sebastião Gonçalves, Aldemir Pereira, Xavier Plassat, Carlos Haddas, Lelio Bentes, Antônio Mello, Valderez Monte, Calisto Torres, Rachel Cunha, André Roston, Bené Florindo, Jônatas Andrade, José Marcelino, Caio Magri, Kailash Satyarthi e Paulo Paim.

 

Levante
Brasil, França e Uruguai/Ficção/ 2022/92min.
Direção: Lillah Halla

Sinopse: Às vésperas do campeonato de vôlei decisivo para seu futuro como atleta, Sofía (17), descobre uma gravidez indesejada. Na tentativa de interrompê-la clandestinamente, ela acaba se convertendo em alvo de um grupo fundamentalista decidido a detê-la a qualquer preço, mas nem Sofía nem aqueles que a amam estão dispostos a se render ante o fervor cego da manada.

Elenco: Ayomi Domenica, Loro Bardot, Grace Passô

De 29 de fevereiro a 6 de março
(não há sessões nas segundas-feiras)

15h: Servidão

17h: Levante

19h: Amanhã

Os ingressos podem ser adquiridos a R$ 12 na bilheteria do CineBancários. Idosos (as), estudantes, bancários (as), jornalistas sindicalizados (as), portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6. São aceitos cartões nas bandeiras Banricompras, Visa, MasterCard e Elo. Na quinta-feira, a meia-entrada é para todos e todas.

CineBancários

Rua General Câmara, 424 – Centro – Porto Alegre
Mais informações pelo telefone (51) 3030.9405 ou pelo e-mail cinebancarios@sindbancarios.org.br


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora