*Da Redação
Para debater sobre a situação da imigração no Brasil e no Rio Grande o Sul e a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho, além das condições em que os mesmos são absorvidos na sociedade, a Central Única dos Trabalhadores do estado, em parceria com a Confederazione Generale Italiana del Lavoro (CGIL) e o Istituto Nazionale Confederale di Assistenza (Inca) organizou o seminário “Imigração e Trabalho Decente”, realizado na última sexta-feira (28).
“Temos que ser provocados para buscar a solução de determinadas situações, neste caso, é preciso levar em conta que há muitos aspectos envolvidos. O fluxo migratório está ligado com o mercado de trabalho e precisamos garantir que os direitos destes trabalhadores que chegam sejam respeitados, como os direitos dos brasileiros”, afirmou Patrícia de Melo, procuradora do Ministério Público do Trabalho.
Órgãos e entidades que trabalham com a temática apresentaram ações e medidas que devem ser discutidas.
O Comitê Estadual de Atenção a Migrantes, Refugiados, Apátridas e Vítimas do Tráfico de Pessoas (COMIRAT), criado em 2012, acolhe imigrantes e luta pela construção de políticas públicas voltadas para a questão. Débora Silva, representante da secretaria de Justiça e Direitos Humanos, afirmou que o processo é longo devido à falta de articulação entre os órgãos responsáveis e as entidades que propõem programas de acolhimento para imigrantes, além de outras dificuldades inerentes à condição do imigrante. “A língua ainda é uma grande barreira. Como esse trabalhador que não fala português vai entender um contrato de trabalho que nós mesmos, às vezes, não entendemos? É uma situação muito delicada”, afirmou.
Conforme dados do Centro Ítalo Brasileiro de Assistência e Instrução às Migrações (CIBAI) cada estado da região sul recebeu cerca de 10 mil imigrantes caribenhos, asiáticos e africanos nos últimos anos. O Centro acompanha e traça um perfil destes indivíduos, e recentemente, lançou o livro “Os novos rostos da imigração no Brasil – Haitianos no RS”, que trata da situação do Haiti e propõe uma reflexão sobre os motivos que levam os trabalhadores a saírem do país.
Além da questão da imigração, situação das pessoas que vivem em áreas fronteiriças norteou a fala de Victor Ferreira, da Central Unitaria de Trabajadores Autentica do Paraguai. Ferreira afirmou que para além do trabalho dos imigrantes é preciso que prestar atenção nos trabalhadores que moram nas regiões de fronteiras e acabam exercendo suas atividades laborais no país vizinho.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, afirmou que a entidade e suas filiadas devem criar mecanismos para compreender o fenômeno da imigração e de respaldar esses trabalhadores. “Precisamos organizar as nossas entidades, criar coletivos de imigrantes, buscar o diálogo com as associações que já existem, conhecer esses trabalhadores imigrantes que estão nas nossas bases”, defendeu Nespolo.
*Com informações da CUT-RS