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8 de junho de 2016
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10:06

Andrade Neves — O Resgate de uma Rua

Por
Sul 21
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Andrade Neves — O Resgate de uma Rua
Andrade Neves — O Resgate de uma Rua

Por Adeli Sell

Andrade Neves, Rua General Andrade Neves, antiga Rua Nova (1777-1869) é uma das mais antigas de Porto Alegre, numa homenagem ao Barão de Triunfo.

Nela havia o mais importante clube do Estado, o Clube dos Caçadores, com a melhor cozinha e o mais perfeito serviço: copos de bacará, talheres de prata, Veuve Clicquot custando cinquenta mil-réis; filé com fritas por cinco mil e a cerveja Oriente, três mil-réis. Abria às nove da noite e funcionava até quatro da manhã.

Ali o General Flores da Cunha jogava pôquer, comum na época.

Se não o  temos mais, ganhamos o Odeon. Como diz Roberta Fofonka, no Sul21:

“Inaugurado na sexta-feira de 25 de outubro de 1985(..)  no coração da cidade,  o bar Odeon é uma das referências da vida boêmia no centro de Porto Alegre.

Com as mesmas paredes revestidas de azulejo e madeira desde a inauguração – tais como os quadros que estampam rótulos da cervejaria Brahma, na época já feitos para parecerem “envelhecidos” –, o ambiente do bar se distingue totalmente da realidade pesada da rua. Na verdade, não se trata de ambiente, mas de atmosfera(…)”. Leia mais:  

https://www.sul21.com.br/jornal/um-lugar-de-porto-alegre-bar-odeon/

Além do orgulho de termos o Odeon, o Clube Espanhol recebe eventos, e ao meio dia, uma  clientela bem variada disputa o buffet e as mesas. Pena que o prédio não “sofra” uma restauração total. A cidade está a exigir ali eventos à noite, no “Salon de las dulcineas”!

Vivemos com uma concentração de barbeiros que só perde para a vizinha Travessa Acylino de Carvalho;  além do citado almoço do Clube Espanhol, comandado pelo Claimar, o Café Viena oferece do café, passando pelo chopp a qualquer hora a lanches e almoço no comando do Neoclésio, do outro lado da rua,  o Suco Sul, do Vilson Simonetti, dá um jeito de ter quase tudo para comer e beber, além disso  temos buffets disputados, botecos de prato feito, confeitarias, sushi e muito mais. Lembro e sinto a falta do Paulo, que nos largou faz pouco, da Relojoaria Paulo Joalheiro. Um dos espaços mais visitados é a sede da Alan Kardec. Poucos conhecem a passagem para a Rua dos Andradas,  pela Galeria Edith, além da Travessa Acylino, já citada, que liga também com a Rua da Praia. Temos um prédio do Ministério Público, os fundos das Americanas, uma Marisa e  na esquina com a Borges o prédio do Cine Victória, que reabriu. Faz bem a banca de revistas, o churrasquinho de rua na esquina. Temos dois Hotéis, Lido e Lancaster,  um cartório, lotérica, gráfica expressa, uma das maiores garagens do Centro e agora vamos ganhar uma galeria que irá também até a Andradas, com um grande edifício garagem. Só que não se lembraram de reorganizar a rua que está esburacada, com calçadas quebradas exatamente na parte do prédio público, estadual, hoje ocupado, bem como nos  dois locais fechados. Lastimavelmente abriu um muquifo da turma da Marechal, mas está fadado ao fracasso, porque ninguém permite bagunça nesta rua. No passado foram fechados dois deste estilo.

É a rua da maior concentração de escritórios de advocacia que eu saiba. Prédios de escritórios, residenciais e mistos. Não vamos esquecer-nos do nosso Badesul, Banrisul, bem como do Tudo Fácil na esquina da Borges de Medeiros. A lástima é este  prédio que substituiu o velho e famoso Mata-borrão.

Como diz o Milton Ribeiro no Sul21:

“Os mais jovens nem sabem que existiu, outros esqueceram. Uma das construções que deixavam a Porto Alegre de minha infância mais feliz e bonita era o Mata-borrão que ficava na esquina da Av. Borges de Medeiros com a rua Andrade Neves. Ele foi construído em 1958 para ser um local destinado a exposições e outro evento acabou servindo como central telefônica enquanto era construído o prédio da CRT do outro lado da rua e, por razões que desconheço, foi demolido no final dos anos 60. Em seu lugar foi construído o edifício perfeitamente comum da ex-Caixa Econômica Estadual (hoje “Tudo Fácil”).” Leia mais – http://miltonribeiro.sul21.com.br/2011/05/12/o-mata-borrao/

Porto Alegre tem o gosto de demonizar para liquidar histórias. Foi o que aconteceu com o Mata-borrão.

O momento exige explicações sobre um prédio na esquina com a Ladeira – General Câmara, pertencente ao Estado do Rio Grande do Sul. Ficou dez anos ao “deus dará”, até que os  Lanceiros Negros o ocupou. Agora, acordam-se as autoridades e querem desalojar os ocupantes, sem achar local a eles, sem ter uma ocupação clara. Antes de ficar largado, que seja ocupado.

E assim deveria ser feito com o Hotel Marechal, fechado, tomado de ratazanas, morcegos, lixo, ninhadas de pombos E quem paga por isso, são os moradores do entorno, os empreendedores locais

Além desses percalços permanecemos com  moradores de rua, alguns doentes, sem assistência da Prefeitura.

Apesar disso tudo, a gente vai tocando, tentando comunitariamente preservar as coisas boas e buscar novas para a nossa Andrade Neves.

.oOo.

Adeli Sell é vereador – www.adelisell.com.br


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