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6 de agosto de 2015
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20:51

Chargista é ameaçado após desenhos e postagens com críticas a Sartori

Por
Sul 21
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Foto: Reprodução Facebook
Boletim de ocorrência feito por Bier  Foto: Reprodução Facebook

Débora Fogliatto

O jornalista e chargista Augusto Bier tem o costume de utilizar sua conta no Facebook para expressar suas opiniões políticas. Na última segunda-feira (3), dia de protestos e paralisações no Estado, ele postou mais piadas e charges do que normalmente. Ao chegar em casa após o expediente no Sindicato dos Bancários, onde trabalha realizando desenhos para o site, recebeu uma ligação em seu telefone fixo de um homem, que o ameaçou: “tu para com essas charges, com essas gracinhas ofendendo o governador Sartori, se não eu vou danificar os teu instrumentos de trabalho, eu vou quebrar os teus braços”, disse a voz que ele não reconheceu.

Após contar o episódio para alguns amigos e conhecidos, Bier decidiu registrar ocorrência na Polícia Civil nesta quinta-feira (6). Ele conta ter sido bem recebido pelos policiais, que levaram a sério sua denúncia, mas diz que é difícil investigar de onde partiu a ligação por não ter identificador de chamadas em seu aparelho telefônico. Por isso, seu principal objetivo agora é a divulgação da ameaça, para que a pessoa tenha ciência de que o caso está sendo acompanhado pela sociedade.

Foto: Reprodução/ Charge Augusto Bier
Primeira charge publicada na segunda-feira, para o site do SindBancários | Foto: Reprodução/ Charge Augusto Bier

Bier reflete que aquele foi um dia “especial”, em que fez diversas postagens criticando o governador José Ivo Sartori (PMDB). Primeiramente, fez uma charge do governador com “corpo” de uma galinha amarela, com um balão de fala escrito “Calma gente! Foi só uma amareladinha básica”, em relação à viagem de Sartori para Curitiba duas horas depois de anunciar o parcelamento de salários. No mesmo dia, também compartilhou duas postagens feitas por outras pessoas, criticando politicamente o governador, além de outras coisas sem relação com política. No fim da tarde, fez mais uma charge: um desenho representando Sartori com uma roupa larga como se fosse um anjo, de onde saem vários pés embaixo, com os dizeres “Foi tudo uma armação da minha quadrilha”. Por fim, postou a foto de uma cabine de banheiro de campo com a legenda “TURISMO NA SERRA. Você conhece a casa em que o governador nasceu?”

Foi uma das poucas vezes em que fez duas charges no mesmo dia, afirma. Além dos desenhos, também costuma fazer piadas, frases e trocadilhos, tudo em sua página pessoal, sem ligação com o sindicato onde trabalha. Ele também faz desenhos para diversos veículos de forma esporádica. “Essas piadinhas escritas eu faço só na minha página, porque meu trabalho aqui é como chargista”, explica. Outra charge que repercutiu bastante e foi compartilhada por vários internautas nos últimos dias é um desenho do governador dizendo “eu acho que também vou paralisar amanhã” e uma velhinha ao seu lado — representando sua mãe, — que figurou em comerciais na época das eleições — braba, respondendo “tu tá paralisado desde a posse, diabo”.

Foto: Reprodução/ Charge Augusto Bier
Segunda charge feita na segunda-feira, apenas para seu Facebook | Foto: Reprodução/ Charge Augusto Bier

O chargista diz que não costuma ter medo de ameaças e conta já ter sofrido diversas. Aos 15 anos, começou a desenhar e, com a mesma idade, foi preso pela primeira vez, durante o período militar. Foi logo solto por ser menor de idade, mas depois disso foi detido por períodos curtos outras vezes, levou três tiros e sofreu diversos processos. “Quando me ameaçam, normalmente não tenho medo. Mas agora estou com medo, porque esse tipo de gente tem o ‘caldo de cultura’ da direita, que me lembra lá do período militar. Então, agora tenho que ficar atento, porque quando alguém ameaça quebrar uma parte do corpo, [essa pessoa] não te quer preso, quer te quebrar. Pode te botar num canto escuro e te bater”, afirma.

Bier não esconde ter posições políticas contra Sartori e as “práticas do PMDB”, como as privatizações, por exemplo. Ele não tem ideia de quem possa ter feito a ligação, embora afirme que procura, em geral, conversar e debater mesmo com pessoas com quem não concorda, sem partir para agressão ou ofensa pessoal.

 


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