Opinião
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27 de agosto de 2021
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14:41

Dia do Bancário: evoluindo com a sociedade (por Luciano Fetzner)

Luciano Fetzner, presidente do SindBancários de Porto Alegre e Região (Foto: Brayan Martins)
Luciano Fetzner, presidente do SindBancários de Porto Alegre e Região (Foto: Brayan Martins)

Luciano Fetzner (*)

Os setenta anos de um fato, na vida de alguém ou de uma sociedade, representam uma data redonda, em que se acumula experiência, memória, aprendizado, sabedoria. Na existência humana, o número de anos pode vir acompanhado dos percalços da idade. Mas na vida de uma instituição – como o SindBancários de Porto Alegre e Região, fundado em 1933 – ou na história de uma categoria de trabalhadores e trabalhadoras, como é o caso da categoria bancária  – o passar do tempo é sinônimo de fortalecimento. A data em que se comemora o Dia do Bancário, 28 de agosto, marca na história do nosso país uma greve vitoriosa em 1951 e que hoje é um lembrete de que a luta é contínua. E que a união é fundamental.

Se na ocasião, a reivindicação era de melhores condições de trabalho e um reajuste de 40% nos salários dos empregados de bancos – e após a grande greve nacional a Justiça concedeu 31% de aumento, revendo os cálculos da inflação daquele período – o fato é que a greve trouxe muito mais do que a correção de perdas salariais. Ficou evidente, aos patrões e aos empregados também, que a mobilização e a organização da categoria e das lutas trabalhistas do país tinham vindo para ficar. E os bancários e bancárias viraram referência de luta sindical para outras categorias.

Hoje, apesar dos riscos trazidos pela pandemia de Covid-19, da grande crise econômica e política do país – a partir do golpe de 2016 e da eleição do governo Bolsonaro – e das constantes ameaças sobre os direitos trabalhistas adquiridos com muita luta, temos, sim, motivos para comemorar. Vale citar, como exemplo da firmeza e organização dos bancários, em uma economia de terra arrasada guiada pelos governos neoliberais e autoritários do pós-golpe, que a categoria bancária é excepcional no Brasil, por contar com uma Convenção Coletiva de Trabalho Nacional com validade de dois anos, a preservar direitos e conquistas. No país das desigualdades sociais e regionais, podemos dizer com orgulho que aqui, de norte a sul, todo bancário ou bancária tem direitos iguais.

Este Dia do Bancário e da Bancária reflete ainda avanços da sociedade brasileira e mundial, em defesa de igualdade e direitos para mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência e todas as chamadas “minorias”, que na prática somam a esmagadora maioria do nosso povo. Bandeiras e ações que o SindBancários de Porto Alegre e Região hasteia com orgulho e consciência social.

Isso não significa que qualquer dessas batalhas esteja vencida em definitivo – a luta da classe trabalhadora sempre continua. Atualmente, até a conquista da jornada de seis horas vem sendo ameaçada pela MP 1045/2021, do desgoverno bolsonarista, que embute mais uma mini-reforma trabalhista de corte neoliberal.

Mas significa que os que lutam podem virar o jogo e obter vitórias. Coletivamente. É nisso que o SindBancários de Porto Alegre e Região acredita. E neste novo Dia Nacional do Bancário e da Bancária, em meio a tudo que temos passado, reafirmamos, com o orgulho singelo de quem sempre esteve na linha de frente: Essa categoria é nobre, guerreira e imprescindível! E merece o carinho, respeito e admiração de toda a sociedade brasileira.

(*) Luciano Fetzner é funcionário do Banrisul e presidente do SindBancários de Porto Alegre e Região

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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