Felipe Prestes
O promotor Amilcar Macedo pretende denunciar o sargento da BM César Rodrigues de Carvalho até o final da semana que vem. O sargento é acusado de extorsão a operador de jogo ilegal e de acessar dados sigilosos do sistema Consultas Integradas de forma irregular. Macedo deve denunciar Rodrigues pelos crimes de concussão – quando um servidor exige para si dinheiro ou vantagens se aproveitando da posição que ocupa – e de violação de sigilo. O promotor afirma que outras pessoas podem ser denunciadas por este segundo crime.
Amilcar Macedo não cita nomes, mas as evidências que já vieram a público apontam que o ex-chefe de gabinete do governo do estado Ricardo Lied e o tenente-coronel Frederico Bretschneider podem ser os denunciados. Contra eles pesa o fato de terem aparecido emails que mostram pedidos para que a Casa Militar acessasse dados do Consultas Integradas.
Macedo concluiu nesta quarta-feira (1) as oitivas do inquérito. Ele ouviu novamente o operador de jogo ilegal que denunciou César Rodrigues. Queria checar informações colhidas com outros depoentes. Por meio deste depoimento, o promotor também queria ouvir novamente o extorquido para concluir se deve denunciar Rodrigues por concussão ou corrupção passiva – dois crimes que têm pequena diferença em suas definições. A conclusão é de que o sargento deve ser denunciado por concussão, o crime mais grave deles.
O promotor afirma que falta apenas “passar o olho” novamente em todos os depoimentos para poder concluir a denúncia. Amilcar Macedo afirma que não foi possível rastrear mandantes das extorsões. “Segundo o operador de jogo ilegal, o sargento dizia que o dinheiro era para os ‘chefes’ dele, mas não há nada além desta declaração”.
Perseguição
O promotor confirma que a deputada estadual Stela Farias (PT) foi monitorada durante “dois ou três dias” por funcionários da Casa Militar, em 2009. Segundo Macedo, o sargento César Rodrigues não monitorou, mas revelou que sabia do fato e indicou um funcionário que perseguiu, de carro, a deputada para saber seu itinerário usual. Este funcionário confirmou ao promotor ter perseguido a deputada.
O promotor, contudo, não avançará nesta questão. “Este fato isoladamente não configura crime, mas servirá como suporte para reforçar que na Casa Militar aconteciam práticas que não eram normais”, afirma.