André Carvalho
Uma declaração na internet do secretário municipal da Indústria e Comércio (SMIC) de Porto Alegre, Valter Nagelstein, motivou um grupo de ciclistas a organizar uma “Farofada dos Desqualificados” nesta segunda-feira (26), no Largo Glênio Peres. No Twitter, Nagelstein defendeu a instalação de um estacionamento no local, o que garantiria um “público mais qualificado” no Mercado Público.
O grupo, que está se organizando na internet, se concentrará a partir das 18h desta segunda. Os ciclistas pretendem comprar gêneros no Mercado Público e fazer uma confraternização no Largo Glênio Peres. O objetivo é criticar as políticas voltadas ao automóvel em Porto Alegre, em detrimento de espaços públicos para outros meios de locomoção.
A ideia do protesto surgiu depois da resposta do secretário, no Twitter, a um internauta que questionou o cancelamento das Feiras Solidárias no Largo Glênio Peres, enquanto o espaço está sendo destinado para estacionamento de automóveis. “Estacionamento é o que garante público mais qualificado, o que aumenta o faturamento dos permissionários do Mercado. Isso que a Smic quer”, respondeu Valter Nagelstein.
Um projeto da prefeitura, em discussão na Câmara, regulamenta a utilização do Largo Glênio Peres em eventos culturais, políticos e de outras naturezas. De acordo com o projeto, será vedada a utilização do local para feiras, com exceção da Feira do Peixe. O projeto ainda prevê, para a realização de promoções de caráter estritamente institucional, limite à utilização do espaço pelo prazo de até sete dias.
Procurado pelo Sul21, o secretário afirma que suas declarações foram tiradas de contexto e que sua intenção não foi desqualificar os ciclistas. “Minha palavra foi distorcida pelo autor da crítica. No blog Vá de Bici, ele diz que eu afirmei indiretamente, só que não existe ‘afirmar de forma indireta’. Não quis desqualificar ciclistas, pedestres e usuários de ônibus. Jamais poderia fazer isso, porque eu também sou ciclista”, diz Nagelstein.
De acordo com o secretário, as feiras solidárias estão garantidas dentro do Mercado Público, durante 15 dias por mês. “Além deste espaço, há duas lojas no segundo andar do mercado e que não precisam pagar aluguel e um stand na feira do Bom Fim que são destinadas a estas feiras”, explica.
A Smic está em processo licitatório para que seja construído um estacionamento subterrâneo na região. “O Largo é de uso público, não pode ficar restrito a um espaço privado. Sobre essa questão, estamos discutindo a possibilidade de tirar o terminal de ônibus da Praça Parobé e a feira que há ao lado, transformando em um largo também”, afirma.
