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3 de dezembro de 2010
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00:35

Funcionário responsável por ação sobre CCs é demitido pela direção da FM Cultura

Por
Sul 21
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Igor Natusch

O clima dentro da Fundação Piratini, que já estava ruim com o anúncio da exoneração de 19 cargos comissionados (CCs) na última terça-feira (30), ganhou um novo e surpreendente capítulo. O coordenador de programação da FM Cultura, Walmor Sperinde, foi demitido nessa quinta-feira (2) por justa causa. Walmor é o principal responsável pela ação que proíbe a TVE e FM Cultura de usar CCs em funções de editoria, produção e apresentação de programas e realização de reportagens. Após decisão da Justiça do Trabalho a favor do funcionário, o presidente da Fundação Piratini, Ricardo Azeredo, optou por exonerar todos os comissionados das duas emissoras, o que deve ocorrer no próximo dia 7 de dezembro.

A demissão teria ocorrido devido ao conteúdo de alguns e-mails, trocados entre Walmor Sperinde e outros funcionários da Fundação Piratini, nos quais se discutia a recente decisão da Justiça do Trabalho. Em um deles, Walmor teria reproduzido troca de mensagens entre ele e Ricardo Azeredo, na qual o funcionário se dirige ao presidente usando termos como “mal educado” e “despreparado”. Essas palavras teriam motivado a demissão por falta grave — no caso, desobediência e ofensa à honra de superior. “Causa-me espécie que eu seja demitido com base em uma mensagem de e-mail, dois dias depois de ser anunciada a exoneração dos 19 cargos de comissão”, comenta o próprio Walmor Sperinde, em conversa com o Sul21.

Walmor, que também é acadêmico de Direito, garante que essa demissão é apenas a última de uma série de represálias que sofria desde o começo do processo, em 2005. Ele alega ter sido vítima de assédio moral em mais de uma oportunidade, além de ter sido suspenso por cinco dias em 2009, logo após retornar de férias, por não ter relatado problemas técnicos que tiraram a FM Cultura do ar. O funcionário garante que se encontrava de folga na ocasião.

Após tomar conhecimento da demissão, o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radialismo e Teledifusão do RS reuniu-se para redigir um apedido, que deve ser publicado na sexta-feira (3) em jornais da capital. Um boletim também deve ser impresso, para distribuição na Assembleia Legislativa do RS. “Vindo do atual presidente (Ricardo Azeredo), a decisão não nos traz nenhuma novidade. Não é de hoje que ele tem adotado uma postura autoritária, digna de um ditador”, dispara Antonio Edisson Peres, presidente do sindicato. Peres, conhecido pelo apelido de Caverna, não tem dúvidas de que a demissão é fruto de uma perseguição política. “Na nossa visão, não ocorreu nada a não ser uma divergência de ideias. Não existe nenhuma justificativa para essa demissão, a não ser política”.

Caverna critica sem meias palavras o presidente da Fundação Piratini, dizendo que Ricardo Azeredo aproveita as circunstâncias para tentar caracterizar uma suposta postura corporativista dos funcionários concursados. “Os CCs trabalham muito bem, de forma competente, são nossos parceiros. Não existe essa briga, sempre tivemos uma boa relação. Mas não podemos deixar passar em branco uma situação de clara irregularidade”, alega.

Walmor Sperinde, por sua vez, garante já ter entrado em contato com o advogado do sindicato, e pode entrar no começo da semana que vem com uma ação de reintegração. “A gente fica apreensivo, ainda mais em uma época dessas, de final de ano. Mas acredito que essa situação vai ser revertida”, diz Walmor.

Leia mais: Direção da TVE exonera CCs e agrava situação precária da Fundação Piratini


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