Coronavírus
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15 de março de 2022
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15:50

Com média de mais de 400 mortes diárias, Queiroga quer rebaixar covid a endemia

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Sul 21
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Foto: Pedro Gontijo/Agência Senado
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Foto: Pedro Gontijo/Agência Senado

O ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, procurou nesta terça-feira (15) o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para falar sobre a possibilidade de flexibilizar o estado de emergência sanitária no país. O ministro, que já esteve reunido com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do mesmo assunto, e também deve se reunir com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, busca apoio nos demais poderes para rebaixar a pandemia a endemia.

Pacheco divulgou em suas redes sociais que manifestou certa preocupação a Queiroga. “Diante da sinalização, manifestei ao ministro preocupação com a nova onda do vírus, vista nos últimos dias na China. Mas me comprometi a levar a discussão aos líderes do Senado”, disse ele.

A liberação do uso de máscaras ao ar livre em diversos estados e municípios nos últimos dias, juntamente com índices de vacinação razoáveis no país, contribui para que o ministro avance na intenção, que já vinha sendo manifestada desde janeiro.

Segundo dados da da última sexta-feira (11), divulgados pela Saúde, 91% da população brasileira acima de 12 anos já tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19. Desse total, 84,38% completou o esquema vacinal e apenas 36,48% das pessoas acima de 18 anos receberam a dose de reforço. No entanto, o número de mortes diárias pela doença segue na casa das centenas. A média móvel da última semana ficou em 431 mortes, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Desde o início da pandemia, em março de 2020, o país já registrou 656 mil mortes para o novo coronavírus e aproximadamente 29,4 milhões de infectados.

Em fevereiro, o Sul21 ouviu a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19, sobre o que é uma endemia: “Endemia é quando a gente tem uma situação relacionada à transmissão de um agente infeccioso em que basicamente a gente não vê um aumento grande ou uma diminuição grande em suas taxas gerais. Numa situação endêmica, a gente não vê uma explosão de casos. Cada caso geraria um novo caso e isso vai se mantendo ao longo do tempo”, explicou.

Um exemplo de doença endêmica é a gripe (influenza). Eventualmente, pode ocorrer um surto, mas a tendência é o vírus ter comportamento conhecido e previsível ao longo dos anos.

Na prática, a mudança de um cenário de pandemia para endemia significaria que a covid-19 está estável, sem a possibilidade de numa nova explosão de casos e, de alguma forma, controlada. Com a desaceleração dos casos no segundo semestre de 2021, alguns países e mesmo estados brasileiros, começaram a discutir a covid-19 em termos de endemia. Contudo, a aparição da variante ômicron, que surgiu na África do Sul em novembro e antes do final já se tornara prevalente no mundo, incluindo no Brasil, adiou essa discussão. Em 13 janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a discussão ainda era precoce.

Mellanie considerou ainda que a discussão sobre endemia é motivada por um desejo de “normalização” da vida em meio à covid-19 e mesmo uma forma encontrada pelas autoridades para evitarem tomar medidas de controle da disseminação do vírus para além do oferecimento da vacinação.

Nesta terça, o próprio ministro da Saúde confirmou que o Brasil já registra dois casos de pessoas infectadas por uma nova variante do novo coronavírus, a Deltacron.A nova cepa combina características genéticas da ômicron e da delta e vem sendo monitorada pela OMS desde o início do mês, quando os primeiros casos foram identificados na França.


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