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13 de fevereiro de 2024
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08:41

Comprimido único para tratamento de HIV já está disponível em 8 locais de Porto Alegre

Por
Bettina Gehm
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O Rio Grande do Sul recebeu, dia 15 de janeiro, as primeiras 300 mil unidades do remédio que combina os antirretrovirais dolutegravir 50mg e lamivudina 300mg em um único comprimido. Foto: Divulgação
O Rio Grande do Sul recebeu, dia 15 de janeiro, as primeiras 300 mil unidades do remédio que combina os antirretrovirais dolutegravir 50mg e lamivudina 300mg em um único comprimido. Foto: Divulgação

A partir deste ano, pessoas que vivem com HIV têm uma nova opção de tratamento: o Dovato, medicamento que combina os antirretrovirais dolutegravir 50mg e lamivudina 300mg em um único comprimido. O Rio Grande do Sul recebeu, dia 15 de janeiro, as primeiras 300 mil unidades do remédio. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foram destinados 2,7 mil frascos para Porto Alegre, totalizando mais de 83 mil cápsulas. Em fevereiro, segundo a Secretaria da Saúde do RS, serão entregues 2,2 mil frascos para a capital.

O Dovato está disponível para retirada gratuita, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Serviço de Assistência Especializada (SAE) IAPI, no SAE CSVC, no SAE Santa Marta, no Hospital Nossa Senhora da Conceição, no Hospital Fêmina, no Ambulatório de Dermatologia Sanitária (ADS), no Serviço de Atenção Terapêutica e no Hospital de Clínicas. O endereço desses locais se encontra no site da prefeitura.

O Ministério da Saúde indica que podem passar a tomar o comprimido único os pacientes de igual ou superior a 50 anos, com adesão regular ao tratamento, com carga viral do HIV menor que 50 cópias no último exame e que tenham iniciado a terapia dupla até o dia 30 de novembro do ano passado. O público contemplado no novo modelo de tratamento poderá ser ampliado após seis meses.

“Os critérios para a escolha de medicamentos para uso são: em primeiro lugar, eficácia; em segundo lugar, segurança e, por último, comodidade terapêutica (facilidade para tomar o medicamento)”, afirma o infectologista Paulo Behar, professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). “É mais fácil aderir a um tratamento de um comprimido só do que a um tratamento de dois ou mais comprimidos. Mas a comodidade vem depois da eficácia e da segurança”, alerta.

Até agora, o tratamento antirretroviral de primeira linha no Brasil consistia em tomar dois comprimidos uma vez ao dia. “Antes, o tratamento de primeira linha consistia de um comprimido único contendo tenofovir, lamivudina e efavirenz (3 em 1)”, afirma Behar. “Esse tratamento foi substituído porque o efavirenz está associado a efeitos adversos para vários pacientes e também porque o dolutegravir, quase sem ocorrência de efeitos adversos, tem a capacidade de baixar muito rapidamente a carga viral do HIV”, explica.

Conforme o infectologista, pessoas em uso de dolutegravir associado a um comprimido único de tenofovir e lamivudina, que tenham apresentado efeitos adversos ao tenofovir, passam a ter esse último suspenso do seu tratamento, e permanecem utilizando apenas lamivudina e dolutegravir. “Como até recentemente estes dois medicamentos não haviam sido colocados num mesmo comprimido, cada medicamento era tomado em comprimidos separados. O Dovato permite que as pessoas possam tomar esses dois medicamentos em um único comprimido, uma vez ao dia”,

Vice-presidente do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (GAPA/RS), Carlos Duarte considera importante a unificação dos medicamentos. “Parar de tomar dois comprimidos e tomar apenas um é melhor”, diz. “Mas, enquanto movimento social, viemos solicitando que o Ministério da Saúde incorpore medicamentos novos, que tenham novas tecnologias. Existem vários no mercado internacional, mas que não chegaram ao Brasil ainda”, relata.

Porto Alegre tem 35,7 mil pessoas vivendo com Aids. Dados de um boletim epidemiológico publicado pela SMS em novembro de 2023 mostram que, no ano anterior, haviam sido detectados 47,9 casos de Aids por 100 mil habitantes, o dobro em relação ao Rio Grande do Sul e três vezes mais do que a média nacional. A capital ocupou, em 2022, o primeiro lugar no ranking de mortalidade pela doença entre as capitais brasileiras. Foram 23,8 óbitos por 100 mil habitantes.


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