Diante do risco representado pela nova variante do coronavírus surgida na África, a Anvisa emitiu, nesta sexta-feira (26), a recomendação de suspensão imediata de voos procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue. A agência sanitária também recomenda a suspensão, em caráter temporário, da autorização de desembarque no Brasil de viajantes estrangeiros com passagem pelos mesmos países africanos nos últimos 14 dias, desde que não se enquadrem nas exceções a serem determinadas pelos órgãos de imigração.
A Anvisa ainda recomenda a realização de quarentena, logo após o desembarque no Brasil, para viajantes brasileiros e seus acompanhantes com origem ou histórico de passagem pelos seis países da África nos últimos 14 dias que antecedem a entrada no Brasil.
Identificada como B.1.1.529, a nova variante do Sars-CoV-2 foi primeiramente detectada em Botsuana, no começo de novembro, e logo teve casos confirmados na África do Sul, Hong Kong, Bélgica e Israel. Cientistas alertam que a variante tem um número extremamente alto de mutações, o que pode torná-la mais contagiosa e causar novas ondas de covid-19 pelo mundo.
A nova variante tem causado grandes preocupações aos pesquisadores porque algumas das mutações podem ajudar o vírus a escapar à imunidade das vacinas. A B.1.1.529 tem 32 mutações na proteína spike, a parte do vírus que a maioria das vacinas usa para preparar o sistema imunológico contra a covid-19. As mutações na proteína spike podem afetar a capacidade do vírus de infectar células e se espalhar, mas também dificultar o ataque das células do sistema imunológico sobre o patógeno.
No comunicado, a Anvisa explica que a Nota Técnica 203/2021 visa dar subsídio e orientação às decisões do governo brasileiro referente à entrada de viajantes no País e restrições de voos, porém, a efetivação das medidas depende de portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa nova variante parece ter maior transmissibilidade e provavelmente está ligada ao aumento contínuo de infecções por SARS-CoV-2 nos referidos países, cuja cobertura vacinal ainda encontra-se baixa”, diz a nota técnica. “A Anvisa alerta que as medidas aqui sugeridas possuem caráter temporário, devendo ser revistas conforme a evolução do cenário epidemiológico mundial, podendo também ser estendidas a outros países nos quais forem detectadas a circulação de novas variantes do vírus SARS-CoV-2.”
Pela manhã, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou ser contrário a restringir voos para tentar impedir a entrada da nova variante de preocupação no Brasil.
“Tem que aprender a conviver com o vírus”, disse Bolsonaro, em resposta a um apoiador que pediu para “fechar” os aeroportos.