Política
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4 de janeiro de 2023
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17:46

Marcelo Sgarbossa anuncia retorno ao PT para assumir vaga na Câmara de Porto Alegre

Por
Luís Gomes
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Marcelo Sgarbossa, em foto de arquivo, na tribuna da Câmara de Porto Alegre. 
Foto: Divulgação/CMPA
Marcelo Sgarbossa, em foto de arquivo, na tribuna da Câmara de Porto Alegre. Foto: Divulgação/CMPA

O ex-vereador e cicloativista Marcelo Sgarbossa está prestes a retornar ao PT após passar quase um ano filiado ao PV. O movimento ocorre às vésperas de Sgarbossa assumir uma das vagas abertas na Câmara de Vereadores de Porto Alegre com a eleição dos petistas Laura Sito e Leonel Radde para deputado estadual. Segundo ele, o retorno também seria para “ser fiel aos eleitores que votaram em mim por eu ser do PT”.

Ainda no PT, Sgarbossa foi o sexto candidato mais votado do partido na disputa pela Câmara em 2020, atrás dos quatro eleitos (Sito, Radde, Aldacir Oliboni e Jonas Reis) e de Reginete Bispo, que irá assumir como deputada federal na vaga deixada por Paulo Pimenta, nomeado ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social.

Sgarbossa explica que as discussões sobre quem deveria assumir as vagas de Sito e Radde começaram logo após o primeiro turno das eleições de 2022.

O ex-vereador diz que a sua ida ao PV foi uma articulação costurada por lideranças petistas para atrair o apoio à chapa que disputaria o Palácio Piratini.

“A primeira vez que o PV me convidou, eu disse não, mas ficamos de conversar de novo. Nessa outra reunião, eu disse que só iria para o PV se fosse uma espécie de missão que o PT me desse. Eu não tinha motivos para sair do PT”, diz, acrescentando que trocou de partido em fevereiro de 2022 após uma ligação de Pimenta em que ficou definido que a sua ida ao PV era uma das condições para o apoio à futura chapa de Edegar.

Contudo, nas conversas entre os partidos após as eleições, o PT informou que mantinha o entendimento de que na eleição de 2020, que elegeu os atuais vereadores, não havia uma aliança entre as legendas, portanto a vaga deveria ser destinada a um petista.

“Era legítimo que o PV reivindicasse essa cadeira com o argumento de que ‘estamos numa federação’, mas o PT tem outro entendimento, razoável, justo, que é o fato de que eu concorri em 2020 pelo PT, não pelo PV. Não é ilegítimo que o PT diga, como está dizendo, que não vai abrir mão da cadeira”, avalia Sgarbossa.

Diante deste cenário, e destacando que desejava resolver a questão na política e não na Justiça, Sgarbossa conta que decidiu retornar ao PT. Segundo ele, filiação deve ser realizada em um ato público a ser agendado para a próxima semana. “A minha ida não foi por rompimento, ao contrário, foi uma missão que eu recebi do PT”, diz.

Quanto ao PV, ele diz que vários membros do partido o incentivaram a retornar ao PT para assumir a cadeira.

Presidente municipal do PT, Maria Celeste diz que foi comunicada nesta terça-feira (3) da possibilidade de retorno de Sgarbossa ao partido e que a filiação dele será debatida  nas instâncias internas. Celeste destaca que existe a possibilidade da filiação ser rejeitada pela Executiva municipal, o que abriria possibilidade dele recorrer às instância estadual e federal, mas avalia como “pouco provável” isto ocorrer.  “No PT, sempre há discussão sobre todos os temas, mas a Executiva vai tratar o tema com o devido cuidado jurídico e político necessário ao tema”, disse à reportagem.

Celeste ainda confirmou que o entendimento do PT é de que a vaga é do partido, mas que, uma vez de volta, Sgarbossa retornaria à situação de primeiro suplente.

A outra cadeira que o partido tem na Câmara será preenchida pelo terceiro suplente de 2020, o ex-vereador Carlos Comassetto. Antes do retorno de Sgarbossa, a posição do PT era de que a quarta cadeira seria ocupada pelo também ex-vereador Adeli Sell.

Já de olho na possibilidade de reassumir uma vaga na Câmara, Sgarbossa lançou em dezembro um “edital de convocação”, escrito à mão, abrindo a possibilidade de integrantes do PT, de outros partidos e da sociedade civil participarem da construção coletiva do mandato.

‘Edital’ lançado por Sgarbossa para atrair contribuições ao seu futuro mandato | Foto: Reprodução

O edital convoca “cidadãs e cidadãos de Porto Alegre, independentemente da idade, inclusive com filiação a partidos políticos com intenção de candidatura em 2024, movimentos sociais, independentes do grau de organização, para fazer parte do nosso mandato na Câmara Municipal, com início em fevereiro de 2023”.

O único requisito previsto no documento é que as pessoas acreditem e defendam valores democráticos.

Sgarbossa conta que duas reuniões já foram realizadas e contaram com a participação de pessoas de ao menos sete partidos. Além do PT, pessoas ligadas ao PV, Rede, PDT, PSB, PSOL e Avante.

Ele explica que a ideia não é fazer um mandato coletivo, mas que seja um “exercício de trabalho em conjunto com outros movimentos e outros partidos do campo da esquerda e da centro-esquerda”. A ideia é que os membros dessa construção participem e contribuam com diversas iniciativas que estejam ocorrendo pela cidade.

Sgarbossa defende a proposta como um gesto para estimular a construção de uma frente ampla para a disputa pela Prefeitura de Porto Alegre em 2024, com uma candidatura única de esquerda para enfrentar o prefeito Sebastião Melo (MDB) nas urnas.

“Eu vejo um certo ufanismo: ‘ah, derrotamos o bolsonarismo em Porto Alegre’. Mas ele fez 47% dos votos. O Melo bolsonarizou porque ele não é bobo, ele vai capitalizar no bolsonarismo e tem gente que votou no Lula que vai votar nele”, avalia, ressaltando a necessidade dos partidos de esquerda se unirem para fazer frente ao atual prefeito.

Ele destaca ainda que já havia defendido a tese da construção de uma frente ampla em 2020 e que espera que o seu movimento possa ajudar a contribuir para a discussão e para a integração entre os partidos na Capital.


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