Política
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28 de março de 2022
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18:21

Com perdas salariais de 55%, servidores cobram Eduardo Leite: ‘não aceitaremos migalhas’

Por
Luís Gomes
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Servidores ligados ao Sintergs protestam contra congelamento salarial | Foto: Karen Viscardi/Sintergs
Servidores ligados ao Sintergs protestam contra congelamento salarial | Foto: Karen Viscardi/Sintergs

Enquanto o governador Eduardo Leite (PSDB) se preparava para anunciar o seu futuro político, servidores de diversas secretarias estaduais participaram de um ato diante do Palácio Piratini no início da tarde desta segunda-feira (28) para cobrar maior diálogo nas negociações a respeito de um reajuste salarial para o funcionalismo.

Convocado pelo Sintergs, sindicato que representa servidores das secretarias de Saúde, Agricultura, Planejamento, Obras, Cultura, entre outros, a manifestação teve o objetivo de denunciar os quase oito anos de salários congelados das categorias. Pelos cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS), os servidores acumulam 55,07% de perdas salariais — inflação acumulada — desde o último reajuste recebido, em novembro de 2014.

Presidente do Sintergs, Antônio Augusto Medeiros, destacou durante o ato que o sindicato apresentou no ano passado um projeto de lei prevendo a reestruturação das carreiras, com a transformação dos salários em subsídio — semelhante ao que aconteceu na mudança do plano de carreira dos professores –, o que facilitaria a recomposição salarial dos servidores. Contudo, questionou o fato de o projeto permanecer parado na Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e de o governador ainda não ter recebido representantes do sindicato pessoalmente. “Como quer ser presidente da República se não quer dialogar com a gente”, questionou.

Apesar de não ter apresentado oficialmente nenhuma proposta, os servidores indicam que o governo deve oferecer um reajuste salarial de apenas 5,5% para o conjunto do funcionalismo. Segundo Medeiros, essa proposta seria inaceitável.

“5,5% não repõe nem metade da inflação do último ano. Os servidores estão amargando oito anos de perdas inflacionárias”, disse. “Não aceitaremos migalhas”.

Diretor de Assuntos Regionais e Setoriais, Nelcir André Varnier também expressou a insatisfação da categoria com o fato do governador usar como fator favorável ao seu governo ter colocado os salários do funcionalismo em dia. “É muito fácil estar pagando em dia o salário, porque está pagando a metade”, disse Varnier, referindo-se às perdas ante a inflação.

O Sintergs aponta ainda que o governo aumentou em R$ 1 bilhão sua arrecadação anual com o aumento das alíquotas previdenciárias, o que também significaria que os próprios servidores estariam “pagando” os salários em dia.

Durante o ato, uma comitiva de representantes de trabalhadores de diversas categorias entregou um ofício à Casa Civil cobrando um diálogo real sobre a reivindicação salarial das categorias.


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