Meio Ambiente
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14 de novembro de 2022
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13:41

Lula inicia participação na COP 27 com desmatamento e queimadas batendo recordes

Por
Flávio Ilha
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Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PT
Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PT

O presidente eleito Lula (PT) terá uma intensa agenda na conferência do clima das Nações Unidas, a COP 27, que ocorre no Egito. Lula chega ao balneário de Sharm-El-Sheikh nesta terça-feira (15) e no dia seguinte participa, às 11h (6h em Brasília), do painel Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática com os governadores da região norte do País. Lula foi convidado a participar do encontro pelo presidente do Egito, Abdul Khalil El-Sisi.

No mesmo dia, o presidente eleito faz seu pronunciamento para o plenário da COP 27. Cercado de expectativa. Lula chega ao Egito num momento especialmente grave: a área sob alertas de desmatamento na Amazônia atingiu, em outubro, 904 km quadrados – um recorde para o mês na série histórica iniciada em 2015. Os dados são do sistema Deter-B, do Inpe. A alta é de 3% em relação ao mesmo mês do ano passado, mas desde agosto o aumento já chegou a alarmantes 44,65%.

O acumulado de alertas entre agosto e outubro atingiu 4.020 km quadrados contra 2.779 do mesmo período de 2021. Como a taxa de desmatamento na Amazônia é medida sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte, o estrago herdado por Lula promete ser o maior da história.

No governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula na eleição do mês passado, o desmatamento chegou a 13.038 km quadrados só no último ano de mandato, maior taxa em 15 anos. A alta em relação a 2018 é de 73%, segundo avaliação do Observatório do Clima.

Ao desmatamento se somam as queimadas: o total de focos na Amazônia, de janeiro a outubro, já é 49,5% maior do que no ano anterior. São 101 mil de janeiro a outubro de 2022, contra 67.715 de 2021 no mesmo período.

“Neste fim de mandato, há uma corrida de criminosos ambientais para derrubar a floresta aproveitando o fato de que ainda têm um parceiro sentado na cadeira da presidência da República”, afirmou o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

Lula se reúne com os governadores Waldez Góes (PDT-AP), Gladson Cameli (PP-AC), Mauro Mendes (União-MT), Helder Barbalho (MDB-PA), Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO), e Marcos Rocha (União-RO). Há expectativa de que o presidente eleito anuncie quem comandará a pasta do Meio Ambiente no seu governo, com destaque para a presença da ex-ministra Marina Silva na Conferência.

A ex-ministra, eleita deputada federal por São Paulo pela Rede, tem agenda e discurso de governante: na quinta-feira (10), reuniu-se com o enviado especial do governo de Joe Biden à COP 27, John Kerry. Pelas redes sociais, ela informou que sugeriu aos Estados Unidos que avaliem sua integração ao Fundo Amazônia, que já é patrocinado por Alemanha e Noruega e que estava suspenso desde o início do governo Bolsonaro. O Fundo, de cerca de US$ 3 bilhões (mais de R$ 15 bilhões), visa financiar medidas de redução de emissões de gases de efeito-estufa causadas pelo desmatamento.

“O governo americano está celebrando a vitória [de Lula] e essa mudança de postura em relação à Amazônia, se dispondo a aprofundar a cooperação com o Brasil. Kerry recebeu com entusiasmo nossa sugestão. Ele mencionou que está em conversações com a Noruega e a Alemanha em função de projetos comuns e eu disse que eles poderão fazer aportes de recursos para o fundo”, disse Silva depois do encontro.

No domingo, encontrou-se com o ministro do Meio Ambiente do Reino Unido, Zac Goldsmith. A pauta, segundo ela, foi o compromisso assumido por Lula de desenvolver o Brasil com democracia e sustentabilidade, o que significa apoio para ações voltadas para a transição energética, agricultura de baixo carbono, apoio às comunidades indígenas e tradicionais e desmatamento zero. “Falamos também sobre a importância dos povos indígenas e seus territórios para a bioeconomia”, informou a ex-ministra por suas redes. Ela também se reuniu com dirigentes ambientais do governo alemão.


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