Internacional
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8 de julho de 2022
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11:19

Ataque a tiros mata Shinzo Abe, ex-premiê do Japão

Por
Sul 21
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Com dois mandatos, Abe foi o primeiro-ministro mais longevo do Japão. Foto: EPA/Franck Robichon
Com dois mandatos, Abe foi o primeiro-ministro mais longevo do Japão. Foto: EPA/Franck Robichon

Da Agência ANSA

O ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe, de 67 anos, morreu após ter sido baleado durante um comício nesta sexta-feira (8). Os médicos ainda tentaram reanimá-lo durante quatro horas, porém a morte foi confirmada pelo hospital onde o ex-premiê havia sido internado.

Abe foi atingido pelas costas enquanto discursava em um evento político em Nara e sofreu uma significativa hemorragia interna provocada por ferimentos no tórax e no pescoço. Levado imediatamente a um hospital, o ex-primeiro-ministro ainda passou por transfusões de sangue, mas não resistiu.

O comício era em apoio a um candidato do Partido Liberal-Democrata nas eleições para a Câmara dos Conselheiros, a câmara alta do Parlamento do Japão, que acontecem no próximo domingo (10). Vídeos do momento do atentado indicam que houve pelo menos dois disparos.

Um homem, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, foi preso em flagrante. De acordo com a emissora pública NHK, o agressor é um ex-militar das Forças de Autodefesa do Japão e atirou no ex-primeiro-ministro com uma arma artesanal por estar “frustrado e insatisfeito” com sua conduta política. No entanto, segundo investigadores citados pela imprensa japonesa, Yamagami também afirmou que não tinha “rancor contra as convicções” do político.

Shinzo Abe foi o premiê mais longevo na história do Japão e governou o país em duas ocasiões: primeiro entre setembro de 2006 e setembro de 2007 e depois entre dezembro de 2012 e setembro de 2020, quando renunciou repentinamente por motivos de saúde.

Na época, o líder conservador sofria de colite ulcerosa, doença crônica que causa inflamação no cólon e no reto.

Ainda que as leis sobre posse e porte de armas no Japão sejam rígidas, ataques contra líderes políticos não são raros na história do país. Em 1992, um extremista de direita disparou contra o então vice-presidente do Partido Democrático, Shin Kanemaru, mas sem conseguir matá-lo.

Dois anos depois, o então premiê Morihiro Hosokawa foi alvo de tiros em um hotel de Tóquio, porém também conseguiu escapar. Já em 2007, o prefeito de Nagasaki, Iccho Itoh, foi assassinado por um membro da yakuza, a máfia japonesa.

Para comprar armas de fogo no Japão é necessário passar por rigorosos exames, e as opções disponíveis são limitadas. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país asiático tem uma taxa de 0,2 homicídio por cada 100 mil habitantes, contra 6/100 mil dos Estados Unidos.

O premiê do Japão, Fumio Kishida, mandou reforçar a segurança de seus ministros e de outros políticos de alto escalão após o assassinato de Abe.

De acordo com a emissora pública NHK, o líder discutiu a estratégia de resposta ao atentado com o ministro da Justiça, Yoshihisa Furukawa, e o presidente da Comissão Nacional de Segurança Pública, Satoshi Ninoyu. O premiê também pediu para as autoridades não cederem à violência e ao terrorismo.


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