Geral
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30 de maio de 2024
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09:52

Desabrigados protestam no Sarandi: ‘Não foi tragédia, foi negligência’

Por
Luís Gomes
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Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Sofrendo com alagamentos em suas casas há 26 dias, mais de 50 moradores do bairro Sarandi se reuniram no início da noite desta quarta-feira (29), no cruzamento das avenidas Assis Brasil e Sertório, para protestar contra a falta de medidas da Prefeitura de Porto Alegre para minimizar os efeitos da inundação. A principal reivindicação do ato foi o conserto imediato do dique rompido durante as enchentes e a drenagem das regiões que permanecem alagadas.

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Cantando palavras de ordem como “Não foi tragédia, foi negligência, trabalhador também perde a paciência”, os manifestantes bloquearam o trânsito do cruzamento em locais alternados a partir das 17h30.

“Hoje, faz exatamente 26 dias que nós estamos sem casa, sem vida, sem dignidade. Ninguém mais tem mais nada. Onde a gente mora, a gente perdeu tudo, casa, trabalho, tudo, tudo, tudo. E o nosso bairro, a nossa vila, está simplesmente esquecida pelo nosso governo. Ninguém está fazendo nada por nós, há 26 dias”, diz Tatiane Rodrigues, moradora da Vila Asa Branca.

 

Comunidade ainda enfrenta desafios, sem poder voltar pra casa. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

“Nós somos todos trabalhadores, as crianças sem colégio. No Centro, abaixou, e nós aqui no Sarandi? Tem coisa errada, né? Esqueceram do bairro, esqueceram das vilas”, complementa Mailon Ribeiro, também morador da Asa Branca.

 

Moradores do Sarandi mobilizados na noite de quarta. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

Duplamente afetada, a professora Fernanda Barth teve a casa, na Vila Elizabeth, alagada, bem como o local onde trabalha, a escola municipal João Goulart. “A gente se reuniu de uma forma pacífica e a nossa reivindicação maior seria para que esse dique realmente fossem consertado. Não só uma medida paliativa, como ‘tapar’ um buraco, mas que eles realmente fossem, pro futuro não acontecer isso. Além disso, também as casas de bombas devem ser reestruturadas. Gostaria que não houvesse negligência de nos deixar quase um mês fora de casa, porque todo mundo está sofrendo, o emocional está abalado, a gente não tem mais estrutura”, diz. “A gente fica à mercê dessa situação e não tem o que fazer, tem que esperar a água baixar. Então, que essa água seja drenada, que as bombas sejam anfíbias, que as bombas sejam móveis, enfim, que alguma solução se tenha para o problema”, complementa.

Presente com efetivo no local, a Brigada Militar ajudou a organizar o ato, garantindo que apenas parte do cruzamento estivesse bloqueado a cada momento.

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Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21
Protesto no bairro Sarandi. Foto: Isabelle Rieger/Sul21

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