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15 de setembro de 2021
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12:22

Polícia indicia homem pelo assassinato de jovem indígena no interior do RS

Por
Sul 21
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Daiane foi lembrada na marcha de mulheres indígenas, em Brasília. Foto: Silvia Zonatto
Daiane foi lembrada na marcha de mulheres indígenas, em Brasília. Foto: Silvia Zonatto

A conclusão do inquérito que investigou o assassinato da jovem kaingang Daiane Gria Sales, de 14 anos, foi apresentado nesta quarta-feira (15), na sede da 22ª Delegacia de Polícia Regional de Três Passos. Sem apresentar o nome pelo processo estar em segredo de justiça, a Polícia Civil indiciou o suposto autor pelos crimes de homicídio qualificado (feminicídio), estupro de vulnerável e ocultação de cadáver. Ele teve prisão preventiva decretada pelo Poder Judiciário da Comarca de Coronel Bicaco (RS) nesta terça-feira (14).

Daiane foi encontrada morta na localidade de Linha Ferraz, em Redentora, no dia 4 de agosto. A vítima foi vista com vida pela última vez na madrugada de 1 de agosto, numa festa ao ar livre, na Vila São João, em Redentora, local próximo à comunidade indígena do Setor Missão, pertencente à Reserva Indígena do Guarita.

De acordo com o delegado Vilmar Alaídes Schaefer, a investigação encontrou “suficientes indícios de autoria e prova da materialidade” contra o suspeito. Para a polícia, o acusado agiu sozinho, oferecendo carona para a vítima no seu próprio automóvel ao final da festa, entre 2h e 3h da madrugada. Além da prova testemunhal, com versões repletas de contradições, foram determinantes para a elucidação da autoria do crime o resultado dos exames periciais que encontraram vestígios genéticos do investigado junto ao cadáver da vítima. A causa mortis ainda depende de exames periciais complementares que estão em curso.

Ao longo dos quarenta dias de investigações, dois suspeitos tiveram prisão temporária decretada, um homem de 21 anos e outro de 33, ambos apontados como os últimos a estarem com a jovem. O mais velho é o que foi indiciado como autor do crime e teve a prisão temporária substituída por preventiva, ou seja, sem prazo. Segundo GZH, ele se chama Dieison Zandavalli. O outro suspeito será posto em liberdade.

O corpo de Daiane foi encontrado numa lavoura por um agricultor quatro dias depois do seu sumiço, com a parte inferior toda dilacerada, o que chocou a comunidade. Entretanto, tal ação, segundo o laudo de necropsia, foi causada por animais silvestres ou aves de rapina. O laudo descartou origem causada por ação humana.

“O trabalho que fizeram deu respostas à sociedade. Queremos dar voz à Daiane, voz que foi calada por esse crime bárbaro”, afirmou Bira Teixeira, o advogado de defesa da família da vítima.


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