Educação
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8 de março de 2023
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19:02

Conselho da UFRGS recebe novo pedido de destituição do reitor

Por
Sul 21
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Carlos André Bulhões, reitor da UFRGS escolhido por Bolsonaro, e a vice-reitora, Patrícia Pranke. Foto: Daniel Martins/Divulgação
Carlos André Bulhões, reitor da UFRGS escolhido por Bolsonaro, e a vice-reitora, Patrícia Pranke. Foto: Daniel Martins/Divulgação

Um grupo de professores apresentou nesta quarta-feira (8) um novo pedido de destituição do reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Carlos André Bulhões. Em 2021, o Conselho Universitário (Consun) da instituição já havia aprovado a retirada de Bulhões e da vice-reitora, Patrícia Pranke, dos cargos para os quais foram nomeados em setembro de 2020. Contudo, o Ministério da Educação (MEC), que tem o poder de decisão, arquivou o processo. A expectativa dos docentes é que, com a troca de governo, o MEC possa acatar o pedido em caso de nova aprovação pelo Consun.

No processo anterior, o Consun considerou que o reitor descumpriu a Resolução nº 062 do Conselho, que determinava que a Reitoria deveria desfazer a reestruturação administrativa efetuada por Bulhões ao tomar posse, promovendo alterações, fusões, criações e extinções de Pró-Reitorias e departamentos na universidade. Segundo o Consun, essas mudanças não foram avalizadas pelo órgão, como determina o Regimento Geral da UFRGS. Na ocasião, o afastamento foi aprovado por 59 votos a favor, 7 votos contrários e 5 abstenções.

O pedido desta quarta é assinado pelo coletivo de professores Representação Autônoma Docente e conta com 39 assinaturas. No documento, os professores apontam como razões para a destituição do reitor fatores com o descumprimento de decisões do Consun, o que motivou o processo anterior, mas também a falta de diálogo com direções de unidades, a falta de transparência, o “negacionismo da ciência” durante a pandemia de covid-19 e o que consideram ser o desgaste público da universidade em razão de “disputas de poder” entre o reitor e sua vice.

“Confirmaram-se, ao longo dos mais de dois anos deste mandato interventor, as reservas e temores que a comunidade da UFRGS, mobilizada antes da nomeação, tinha com respeito ao que poderia vir. A resistência de docentes, técnicos e estudantes, mesmo com a pandemia em curso, se deu na forma de ato público junto ao prédio da reitoria e em várias ações via redes sociais que, no entanto, foram insuficientes ante o esquema de nomeações que se generalizou em mais de 20 universidades federais no Brasil, nas quais a escolha das comunidades foi desrespeitada pelo ex-Presidente da República e por seus Ministros da Educação de turno”, diz o pedido.

Os professores ainda falam da necessidade de “desbolsonarizar” a UFRGS. “A intervenção em quase um terço das universidades federais é mais do que expressão de um ataque político e de enfraquecimento dos movimentos críticos e de resistência entre servidores e estudantes. A intervenção se caracteriza como uma estratégia organizada que visa desestruturar a universidade pública, abrindo espaços para práticas privatizantes e preparando o caminho para processos mais sistemáticos de privatização”.

Apesar de um pedido de destituição já ter sido aprovado, o novo pedido exige que seja aberto um novo processo do zero, com a criação de uma comissão especial do Consun para analisá-lo. Contudo, ele ainda não deve ser analisado na reunião ordinária do órgão de março, que acontece nesta sexta (10), uma vez que a pauta do encontro já estava definida. A expectativa dos autores é que a comissão especial seja criada após a reunião ordinária do mês de abril.


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