Educação
|
2 de dezembro de 2022
|
16:38

Fechamento de PPGs na Unisinos e na PUCRS será levado ao governo de transição

Por
Duda Romagna
[email protected]
Estiveram presentes membros de DCEs e associações de discentes e docentes. A representante do DCE da PUCRS, Anne Moraes, questionou: “sabemos que caiu bastante a procura, mas também não entendemos porque a PUCRS não ofertou Serviço Social nos últimos três vestibulares de verão. Não há como ter busca no PPG se não há na graduação”. Foto: Celso Bender/Agência ALRS
Estiveram presentes membros de DCEs e associações de discentes e docentes. A representante do DCE da PUCRS, Anne Moraes, questionou: “sabemos que caiu bastante a procura, mas também não entendemos porque a PUCRS não ofertou Serviço Social nos últimos três vestibulares de verão. Não há como ter busca no PPG se não há na graduação”. Foto: Celso Bender/Agência ALRS

Nesta sexta-feira (2), a Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa realizou uma audiência pública sobre o fechamento de Programas de Pós-Graduação (PPGs) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A deputada Luciana Genro (PSOL), que é integrante da comissão, propôs a discussão. Resultou da reunião o compromisso de levar o tema à equipe do governo de transição, à nível federal, em busca de alternativas contra os fechamentos, que ficará a cargo da deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), que estava na audiência.

Em julho, a Unisinos informou seu corpo docente sobre o fechamento de 12 de seus 26 programas, com a demissão de pelo menos 40 profissionais. A instituição confirmou que serão descontinuados os programas dos cursos de Arquitetura, Biologia, Ciências Contábeis, Ciências Sociais, Comunicação, Economia, Enfermagem, Engenharia Mecânica, Geologia, História, Linguística Aplicada e Psicologia, metade deles com reconhecimento de excelência da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com notas entre cinco e seis de um máximo de sete. Já em setembro, a PUCRS anunciou o encerramento do único PPG de Serviço Social com conceito sete e o único com doutorado do Estado.

Leia também: Educação comunitária x lucrativa: Fim de PPGs na Unisinos expõe desafios no ensino superior

Na época, em nota ao Sul21, a Unisinos informou que está “adotando algumas ações que envolvem o início do processo de desativação de uma parte de seus programas de pós-graduação” para “promover o equilíbrio financeiro da instituição e sua preparação para crescer de forma sustentável nos próximos anos”. A universidade garantiu que manterá a continuidade dos cursos em andamento até que todos os alunos concluam sua formação. No comunicado oficial da PUCRS, a universidade diz não possuir demanda suficiente para abertura de novas turmas de graduação e isso inviabilizaria a lógica de integração entre graduação e pós-graduação considerada fundamental.

Leia também: PUCRS vai extinguir único Programa de Pós-Graduação em Serviço Social nota 7 do RS

Na audiência, estavam presentes representantes das reitorias de ambas as universidades, que possuem caráter comunitário e, por isso, recebem recursos públicos. Segundo Carlos Eduardo Lobo Silva, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, a instituição teve uma redução significativa de bolsas, cujos valores estão congelados há anos.

“Ainda houve cortes significativos de recursos para ciência e tecnologia. Isso vai enfraquecendo a ciência e pesquisa”, apontou. Segundo o pró-reitor, de 2014 a 2021 houve uma redução de 50% dos alunos de graduação na universidade, e no curso de Serviço Social, a queda foi de 60%. Nas universidades comunitárias, a redução de alunos no curso foi de 1.575 matriculados para 314 neste mesmo período. “Esse é o número de matriculados na graduação em serviço social. Não formar turma de Serviço Social não é uma decisão nossa. Não nos parece que as soluções sejam triviais e de curto prazo”, justificou.

“Choramos por cada um desses doze cursos”, disse Maura Corcini Lopes, diretora da Unidade de Pesquisa e Pós-Graduação da Unisinos. “É uma medida que sabíamos do impacto, da repercussão, mas se não tivéssemos a coragem de colocar publicamente, também não daríamos luz para um problema que as universidades comunitárias no Estado estão sofrendo”, disse.

O professor Rafael Campos, da Associação dos Docentes da Unisinos, apontou a unilateralidade da decisão tomada por parte da Reitoria. “Faltou transparência, foi um processo obscuro, a gente não teve conhecimento dos critérios de fechamento dos PPGs. Havia alguns que estavam recebendo alunos e recursos inclusive”, disse. “É desolador saber que somos tratados como números quando sabemos que a pós-graduação impacta a sociedade como um todo”, afirmou Bianca Rosa, pós-graduanda em Comunicação.

Foto: Celso Bender/Agência ALRS

O presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Vinícius Soares, participou virtualmente da reunião destacando a importância para a ciência, a pesquisa e para a sociedade, das pós-graduações. “Não podemos justificar fechamento de pós-graduação devido à graduação, porque a pós-graduação cumpre uma função social. Gostaria de encaminhar um pedido de abertura dos dados dos programas que foram fechados, pra que a gente possa saber a dimensão do problema. E precisamos da garantia de que estudantes poderão terminar suas pesquisas”, apontou.

Também estiveram presentes representantes dos Diretórios Centrais de Estudantes (DCEs) das duas instituições. “O DCE reforça a necessidade de participação do poder público na resolução da questão dos programas de pós-graduação da Unisinos. Lutamos pela ciência e pela pesquisa”, declarou Eduarda de Moraes, na leitura de uma carta do DCE da Unisinos,


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora