A Defesa Civil do Estado divulgou na noite de sábado (4) um alerta de grande elevação dos níveis da Lagoa dos Patos, atingidos áreas costeiras. O alerta era para que a população evacuasse áreas de risco. Na tarde deste domingo (5), as cidades de Pelotas e Rio Grande, as maiores da região, ainda não apresentavam grandes inundações e impactos, mas já se preparavam para a elevação dos níveis da água.
Leia mais:
Projeção da UFRGS indica cheia duradoura do Guaíba e queda lenta
População monta força-tarefa na Orla para receber resgatados que chegam pelo Guaíba
Nível do Guaíba chega a 5,33 m na manhã de domingo
Águas invadem ruas do Centro Histórico e Rodoviária. Pontes sobre o Guaíba estão interditadas
RS contabiliza meio milhão de pessoas afetadas pelas chuvas
Em Rio Grande, o boletim divulgado pela prefeitura pela manhã apontou risco para os bairros Ilha dos Marinheiros, Ilha do Leonídeo, Ilha da Torotama, Lagoa, Saco da Mangueira, Barra e demais regiões ribeirinhas. Segundo a Prefeitura, já há registros de cheias nas regiões de ilhas da cidade.
Até o momento, 56 pessoas foram deslocadas para a casa de parentes de forma voluntária e preventiva. A cidade já tem um abrigo montado, no Esporte Clube Camponês, bairro Arraial, e outros quatro em preparo.
Em Pelotas, foi iniciado um trabalho de remoção de famílias de áreas de risco, com 90 já tendo sido realocadas durante o sábado, a maioria das áreas pesqueiras da cidade.
A cidade possui três abrigos, um deles já em uso — na paróquia João Paulo 2º, Colônia Z3 –, e outros dois prontos para serem utilizados. De acordo com a Prefeitura, já há coordenação com Exército, Brigada Militar e Bombeiros para o caso de inundações.
Um dos principais fatores que podem contribuir para as cheias da Lagoa dos Patos é a direção do vento, que neste domingo estava favorável para dar vazão da água em direção ao mar.
O professor Rodrigo Paiva, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS), diz que existe a preocupação da cheia da Lagoa dos Patos ser igual ou superior a que ocorreu em 2023.
Ele pontua que é difícil prever exatamente quando isso ocorreria, mas salienta que há uma diferença de alguns dias entre o pico da cheia no Guaíba e perto da foz da Lagoa dos Patos. Em 2023, os dados da Sala de Situação do governo do Estado apontaram que o maior nível do Guaíba foi alcançado em 21 de novembro, enquanto em Pelotas foi alcançado em 27 de novembro.
Procuradas pela reportagem, as prefeituras de Pelotas e Rio Grande informaram que esperam o pico da cheia para o meio da próxima semana.