Economia
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31 de outubro de 2023
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17:23

Ocupação de pessoas não-brancas cresceu na região metropolitana da Capital, mostra estudo

Por
Luciano Velleda
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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O percentual geral de pessoas ocupadas na região metropolitana de Porto Alegre aumentou em 8% entre 2019, o último ano antes do começo da pandemia do novo coronavírus, e 2023. Entre os trabalhadores brancos, o crescimento foi de apenas 2%, enquanto os ocupados não-brancos aumentaram 37%. A maior variação ocorreu no setor privado sem carteira de trabalho assinada, com crescimento de 18%. No recorte dos não-brancos, o aumento foi de 62% no setor privado sem carteira de trabalho assinada.

Os dados constam do estudo “Um olhar sob a perspectiva raça/cor no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre”, produzido pelo Observatório Unilasalle: Trabalho, Gestão e Políticas Públicas, do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais da Unilasalle.

A pesquisa foi realizada a partir dos microdados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Continua (PNADCt), para o segundo trimestre, nos anos de 2019, 2020, 2021, 2022 e 2023.

O estudo utiliza seis categorias empregatícias: por conta-própria; empregado no setor privado com carteira de trabalho assinada; empregado no setor privado sem carteira de trabalho assinada; empregador; trabalhador doméstico com carteira de trabalho assinada; e trabalhador doméstico sem carteira de trabalho assinada.

A análise dos dados revela que as pessoas brancas, entre 2019 e 2023, ganharam espaço nas categorias por conta-própria (de 23% para 24%), no setor privado sem carteira assinada (9,3% para 9,8%), como empregador (de 5,5% para 5,8%), e como trabalhador doméstico sem carteira de trabalho assinada (3,1% para 3,5%). Nas posições “setor privado com carteira de trabalho assinada” e “doméstico com carteira de trabalho assinada” houve recuo na empregabilidade. 

Já os trabalhadores não-brancos cresceram, proporcionalmente, no setor privado com e sem carteira de trabalho assinada (de 47,2% para 49%; e de 9,2% para 10,9%, respectivamente). Por outro lado, houve diminuição entre os não-brancos nas categorias por “conta-própria”, “empregador” e como trabalhadores “domésticos sem carteira de trabalho assinada”, mantendo-se o mesmo percentual como “doméstico com carteira de trabalho assinada”.

Segundo os pesquisadores Judite Sanson de Bem e Moisés Waismann, o objetivo do estudo é visibilizar e conscientizar a população sobre a importância do combate ao racismo para a construção de uma sociedade livre de preconceitos e igualitária, independente da raça ou cor. A pesquisa almeja colaborar na ampliação e atualização do debate sobre como a questão da raça/cor é colocada e discutida na nossa sociedade. 

O “Um olhar sob a perspectiva raça/cor no mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre” também analisou a ocupação no mercado de trabalho conforme o nível socioeconômico.

Por esse recorte, o estudo mostra que as classes C2 (com renda de R$ 900,61 até R$1.965,87) e a DE (que ganham até R$ 900,60), tiveram queda, enquanto as outras obtiveram crescimento. 

No caso das pessoas brancas, a pesquisa identifica ter havido aumento nos níveis A (renda maior de R$ 10.361,48), B1 (de R$ 5.755,23 até R$ 10.361,48), B2 (de R$ 3.276,77 até R$ 5.755,23) e C1 (de R$ 1.965,88 até R$ 3.276,76). O maior crescimento foi no nível B1, com 60%.  

Entre as pessoas não-brancas, houve aumento em todos os níveis socioeconômicos, com destaque para o estrato B2, com crescimento de 153%. Os níveis A e C1 tiveram aumento de 73%. 


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