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27 de julho de 2017
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10:00

John Rawls e o fim do “gatopardismo“ neoliberal

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Sul 21
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John Rawls e o fim do “gatopardismo“ neoliberal
John Rawls e o fim do “gatopardismo“ neoliberal

Franklin Cunha

Se no auge da prosperidade do capitalismo industrial e agrário podíamos argumentar, com alguma liberdade de interpretação, o que dizia o Príncipe Tancredi Falconeri, de que a sociedade deve ser um sistema autorregulado o qual se adapta às mudanças e mantém um equilíbrio ao reformar gradualmente suas instituições, agora o capitalismo financeiro que assola o globo acabou com essa ideia.

John Rawls

Vários teóricos liberais, no entanto, tentaram salvar o “gatopardismo” capitalista ao elaborar teorias econômicas que não permitissem a transformação do capitalismo em ascensão, o do lucro empresarial e da justiça social, na avalanche destruidora de tudo e de todos da atual financeirização da economia mundial. Um desses teóricos, foi o norte-americano John Rawls, defensor de um capitalismo temperado com ideias de compensações sociais , do positivismo jurídico e moral, do idealismo e o do realismo. A novidade exposta por Rawls visava resolver o dilema entre a liberdade e a igualdade, entre os direitos individuais e a equidade social.

Almejava uma sociedade justa que permitiria a “liberdade real” do indivíduo menos privilegiado, a dele poder escolher o que prefere na vida, ao se aproveitar a alta produtividade do capitalismo para permitir uma renda básica suficiente de sustento individual. Seria uma terceira via além do capitalismo e do socialismo, isto é, o processo de busca do lucro que sustenta e move a produtividade capitalista, seria justamente tributada para atender as camadas menos privilegiadas da população.

Insistia Rawls que as necessidades básicas animais do ser humano são condições indispensáveis para o exercício proveitoso dos direitos iguais para todos. Afirmava o filósofo norte-americano que abaixo de certo nível de bem-estar material e social, de saúde, instrução e educação, as pessoas simplesmente não podem participar
da sociedade como cidadãos plenos.

Se tais condições fossem equilibradamente satisfeitas para toda a população, estas seriam para Rawls,
a única justificativa moral possível do capitalismo.

.oOo.

Franklin Cunha é médico, membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


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