Nesta sexta-feira (20), a organização do Festival Turá, que será realizado nos dias 18 e 19 de novembro, anunciou que o evento não acontecerá mais no Parque Harmonia, e sim no Anfiteatro Pôr do Sol. A decisão veio após grande mobilização da sociedade e de entidades que defendiam a preservação do parque, recentemente concedido à iniciativa privada pela Prefeitura.
Em julho, uma carta assinada por 30 entidades e enviada aos artistas que compõem o festival pedia que não participassem do evento. Entre os artistas estão nomes como Caetano Veloso, Emicida, Alceu Valença, Bacu Exu do Blues, Duda Beat, Fresno, Pitty, Império da Lã e Bloco da Laje, entre outros.
O documento conta um pouco da história do Parque Harmonia e explica a polêmica obra em curso na Capital gaúcha, com destaque para o patrimônio natural da área, que possuía mais de 80% de vegetação de campos e árvores, sendo berçário e casa de inúmeras espécies dos biomas Mata Atlântica e Pampa. O texto destaca a presença de 85 espécies de aves, estando em primeiro lugar no ranking entre 7 parques urbanos de Porto Alegre neste aspecto.
“A área abriga, ou abrigava antes da destruição atual (vide fotos), anfíbios, répteis (tartarugas que depositam seus ovos no local) e mamíferos silvestres (gambás, preás, etc.). Nas atuais obras sobre o parque nada disso foi avaliado, não tendo ocorrido nenhum licenciamento ambiental que não o restrito à impressionante autorização por parte da prefeitura de corte de 1/3 (um terço) de árvores (432 solicitadas ao corte/1.253 existentes)”, diz trecho da carta.
Leia também: Carta pede a artistas que não participem de festival no Parque Harmonia em novembro
O novo local, o Anfiteatro Pôr do Sol, não é utilizado para eventos desde 2019. A realizadora do evento informou que a parceria com a Prefeitura envolveu a consulta e a orientação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (SMAMUS). O Turá deve ser o primeiro evento do que o poder público considera uma retomada na utilização do espaço, mas não será usada a estrutura já existente. Um novo palco deve ser montado para acomodar o festival.
Segundo a Time For Fun, produtora do festival, a mudança de local foi uma sugestão do Instituto Curicaca, ONG que atua na conservação da biodiversidade, salvaguarda cultural e promoção do ecodesenvolvimento. “O anfiteatro é um espaço público e democrático, associado à natureza da Orla do Guaíba e que é parte importante da memória cultural de Porto Alegre. Poder sugerir e ajudar a empresa nessa escolha, alinhada com os princípios de sustentabilidade que o evento e a empresa estão adotando, é fazer parte da busca por uma cidade e uma comunidade sustentável”, explica Alexandre Krob, coordenador técnico do Instituto Curicaca.
Leia também: Símbolo do abandono, Anfiteatro Pôr do Sol tem o destino nas mãos da iniciativa privada