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12 de abril de 2012
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19:04

Jornalista é acusado de instigar greves em Belo Monte

Por
Sul 21
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Ruy Sposati, do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, foi fotografado pelo consórcio em atividades durante greve nas obras de Belo Monte | Foto: Reprodução

Da Redação

Um dos poucos jornalistas que cobrem in loco o cotidiano das obras de Belo Monte, o jornalista Ruy Sposati, do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, está sendo acusado pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) de instigar uma greve de 7 mil trabalhadores, liderar a invasão aos ônibus que trasportavam os trabalhadores e bloquear a BR-230, a Transamazônica.

Os advogados do Consórcio forneceram fotos que mostram o jornalista conversando com fontes e tirando fotos e o juiz da comarca de Altamira (PA), Wander Luís Bernardo concedeu liminar em favor do Consórcio e contra o repórter e outros três integrantes do Movimento Xingu Vivo.

No total, 22 fotos foram anexadas ao processo. Em nove delas, o jornalista sequer aparece. Nas outras, é retratado fotografando; conversando ou entrevistando pessoas; parado; e sendo abordado por policiais militares e um homem não identificado. “Me pergunto como alguém poderia acreditar que um jornalista é líder de uma greve de sete mil operários – e de uma empresa onde ele não trabalha”, questiona.

No mandato, o juiz estipula uma multa de 100 mil reais caso os réus cometam “qualquer moléstia à posse” do consórcio ou ameacem o “exercício de seus oderes” ou ainda “impeçam o acesso de seus funcionários ao canteiro de obras”. Além disso, os advogados também exigem que a Força Nacional de Segurança e a Polícia Militar garantam a segurança das obras e dos funcionários.

Dos quatro citados, apenas Ruy Sposati, jornalista do movimento, se encontrava no local no dias 29, 30 e 31 de março, dia que ocorreu a greve dos trabalhadores de Belo Monte. Segundo os advogados do consórcio, “em flagrante ofensa ao direito de propriedade e ao princípio do livre exercício da atividade econômica”, Sposati teria iniciado “a prática de diversos atos ilícitos”, lesivos não só ao Consórcio, “como também à segurança dos colaboradores e terceirizados” e dos “moradores da região de Altamira”. Além disso, o jornalista teria também invadido “os ônibus que transportam os trabalhadores” e “as vias da BR-230 para impedir a sua circulação”.

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"Me pergunto como alguém poderia acreditar que um jornalista é líder de uma greve de sete mil operários - e de uma empresa onde ele não trabalha" | Foto: Reprodução

“Há tempos venho sendo perseguido”

Sposati qualifica a ação judicial como uma tentativa de censurar seu trabalho, já que ele escreve reportagens sobre os desdobramentos da construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte. “Há tempos venho sendo perseguido, intimidado, expulso (por policiais, bate-paus, gente com e sem crachá, seguranças particulares, chefes troncudos) filmado. Durante os dias dessa greve, uma picape me seguia e filmava o tempo todo. Na última leva de demissões que cobri, em dezembro passado, fui ameaçado de morte por dois homens dentro de uma 4×4 cuja placa eu consegui fotografar e, posteriormente, descobri pertencer à Polícia Militar do Pará. Denunciei estes acontecimentos, mas nunca tive respostas”, relatou o repórter.

“Agora, me parece bastante claro que, não podendo pedir à Justiça que censurassem minha liberdade de cobertura jornalística, eles simplesmente plantaram este interdito para me criminalizar pela via política – e de maneira completamente fantasiosa e inventada”, conclui.

Movimento Xingu Vivo lançou nota

Em nota, o Movimento Xingu Vivo contestou a decisão judicial, detalhando que a greve geral foi deflagrada em função de graves moléstias cometidas pelo CCBM contra seus trabalhadores. “Como de praxe e exigido pela sua função de jornalista, Ruy Sposati cobriu o fato, como único profissional a produzir informações para o site do Xingu Vivo, a imprensa nacional e internacional, e a quem interessasse, sobre os acontecimentos”, indica a nota.

Neste mesmo período, Antonia Melo estava em atividades com emissários de uma organização estrangeira, um dos citados encontrava-se em Belém, e o outro em momento algum compareceu às atividades dos trabalhadores em greve, ocorridas no perímetro e na cidade de Altamira (muito distante, portanto, dos canteiros de obras). “Não pretendemos nos estender sobre quão ridícula é a presunção de que quatro pessoas tenham fechado a Transamazônica “numa espécie de parede humana”, invadido ônibus, molestado motoristas e ameaçado a segurança dos moradores de Altamira”, indica a nota.

Com informações do Portal Imprensa e Movimento Xingu Vivo


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