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24 de agosto de 2010
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09:00

De Vargas a Lula: mudanças e transformações

Por
Sul 21
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Adão Villaverde *

As transformações sociais, econômicas, políticas e culturais no período da “Era Lula” são tão rápidas e abrangentes que o pensamento sociológico e político brasileiro ainda não teve tempo hábil de refletir e analisar a dimensão destes avanços. Nem tirar as projeções consistentes para desenhar o futuro.

Diferenciado, o momento atual de mudanças resgata o enorme potencial do país. Guardadas as proporções históricas, revela semelhanças com as modificações iniciadas nos anos 30, quando o Brasil passou por grandes alterações.  Foi na “Era Vargas” que o país rural tornou-se urbano; de agrícola virou industrializado; de voltado ao exterior voltou-se sobre si; restrito às elites oligárquicas ousou pensar um Estado nacional com protagonismo popular. Inicialmente o Estado adotou, como prioridade, o desenvolvimento econômico em bases nacionais e na consolidação dos direitos sociais e trabalhistas.

Nos anos 50, voltou a distanciar-se deste caráter. Em 60 e 70 quando avançavam as reformas de base, houve a ruptura democrática, com o golpe militar, que combinou milagre econômico e repressão. A resistência produziu a redemocratização, mas não rompeu com os fundamentos econômicos e sociais dos monopólios, além, é claro, de ter patrocinando, mais uma vez, a recorrente recomposição por cima, das elites.

No final do século XX, autorizou-se o reino acrítico do caminho único e FHC sentenciou: “Viramos a página do Getulismo”. E implementou sua fracassada obra de estagnação, de falência e de submissão do Brasil.

Após duas décadas de ditadura e uma de neoliberalismo especulativo desregulado, descortinamos a primeira década do século XXI, quando, pela primeira vez, depois dos governos Vargas e de dois mandatos consecutivos dirigidos por forças democráticas e populares, abre-se um novo período de extraordinárias transformações no país. Que poderão significar, ou uma pequena janela em um largo período conservador e muitas vezes autoritário; ou tornar-se uma relevante ponte de ruptura definitiva com o modelo herdado, na perspectiva de um projeto nacional justo, democrático e soberano.

Quem sabe retomando, no terceiro milênio, em meio à maior crise do modelo neoliberal e em plena era da mundialização das relações em sociedade, sejam elas econômicas, sociais, culturais e políticas, a noção de que ainda é possível construir um Estado-Nação. Fazendo o país retomar o crescimento, se desenvolver, gerar emprego, renda, com distribuição e incluir, com base em uma nítida afirmação da recuperação das funções públicas de Estado e aprofundando a democracia.

* Engenheiro, professor e dep.estadual PT/RS


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