Milton Ribeiro *
A maioria dos cidadãos de Porto Alegre não sabe que têm em um dos seus parques, mais exatamente no chamado Parcão, um dos maiores monumentos a um golpista de toda a América Latina, o Monumento ao Marechal Castelo Branco. Hoje pela manhã, o monumento recebeu esta faixa:
O Monumento a Castelo foi financiado pela Federação das Indústrias, a Federação da Agricultura, a Federação das Associações Comerciais do RS, em 1977, para homenagear o Marechal que coordenou o Golpe de 1964 e enfrentou grandes resistências por parte de artistas e da sociedade que durante meses conseguiram evitar a sua colocação.
Após a recusa dos escultores Francisco Stockinger e Vasco Prado, por não aceitarem fazer uma obra em homenagem a Castelo Branco, o escultor Carlos Tenius foi contratado para realizar a obra.
Primeiramente foi proposto que o monumento fosse colocado no Parque Farroupilha, em frente ao Colégio Militar, mas as fortes críticas fazem os organizadores recuarem da ideia. Em seguida, foi proposto o Parque Marinha do Brasil. Porém, os arquitetos Ivan Mizoguchi e Rogério Malinsky impediram a colocação do monumento no Parque.
A reação popular pode ser medida pelos jornais da época que, mesmo com a censura, publicaram fortes críticas ao monumento: “Contra a poluição visual do parque Moinhos de Vento”, nas palavras do leitor Fernando Abreu Pereira Jr. “Estão erguendo no local um terrível objeto férrico, que agride a sensibilidade estética de todos que por ali transitam.(…) Peço aos porto-alegrenses que procurem outro quixote, assim como eu, disposto a derrotar aquela coisa horrenda”. Em “Moinhos de Vento recebe monumento sujeito a reparo” lê-se: “É simplesmente lamentável, foi a expressão que ouvi de um grupo de pessoas que assistiam, meio atônitas, outras até revoltadas, o levantamento por guindastes de um monstrengo de lata enferrujada nesta cidade, desta vez no Parque Moinhos de Vento”.
Veja mais fotos de hoje pela manhã:
* Com informações do artigo O Cenário Urbano como Representação do Progresso – História, leituras e atitudes desencadeadas pelo Monumento ao Marechal Castello Branco, de Virgínia Gil Araújo.
