Da Redação*
Ao longo desta semana, os candidatos eleitos em 2018 foram diplomados em solenidades oficiais em seus estados de origem. As cerimônias, no entanto, foram marcadas por protestos políticos e brigas entre alguns presentes.
Na quarta-feira (19), em Minas Gerais, a deputada Beatriz Cerqueira ergueu uma placa onde se lia “Lula Livre”. Após alguns minutos, ela passou para as mãos do também deputado petista Rogério Correia. Nesse momento, o cabo Junio Amaral, eleito pelo PSL, a arrancou de suas mãos e os dois começaram a trocar socos.
Pouco antes, já havia gritos da plateia que se alternavam entre: “Lula Livre” e “Respeito ao público, ladrão é na cadeia”. Enquanto isso, vídeos registraram Coronel Sandro (PSL), usando as mãos para fazer mímica como se estivesse armado.
No meio da confusão, o governador eleito, Romeu Zema, foi embora. Quando a cerimônia foi retomada, a deputada eleita Margarida Salomão (PT) recebeu seu diploma com uma outra placa de “Lula Livre”. Rogério Correia também usou a placa para receber seu certificado. Após a confusão o governador retornou a cerimônia.
Confusão na cerimônia de diplomação em Minas. Eleitos se desentendem e partem para agressão. Veja as imagens exclusivas da Tv Assembleia. pic.twitter.com/VVsbFmz5ZX
— TV Assembleia MG (@tvalmg) 19 de dezembro de 2018
No entanto, cenas parecidas se repetiram em outros estados brasileiros. Em São Paulo, na terça-feira (18), a cerimônia de diplomação foi marcada por provocações entre grupos ligados ao ex-presidente Lula (PT) e ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O ápice da tensão ocorreu no momento da invasão e retirada de integrantes da Bancada Ativista (composta por nove deputados eleitos pelo PSOL) do palco.
Após a entrada de policiais militares no palco e cerca de dez minutos de confusão, o clima amenizou. A solenidade foi retomada com a diplomação dos deputados federais eleitos. Ao subir ao palco, Eduardo Bolsonaro (PSL) foi saudado aos gritos de “Mito” e “Ustra” – referência ao coronel Brilhante Ustra, ídolo de Bolsonaro, apontado pela Comissão Nacional da Verdade como um dos chefes da tortura no Doi-Codi, durante a ditadura militar (1964-1985).
Rio Grande do Sul
Em Porto Alegre, gritos de “Lula” e “Bolsonaro” se misturavam na abertura da solenidade que ocorreu na Casa da Música da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). O governador eleito Eduardo Leite (PSDB), diante do cenário de embate ideológico, discursou em to conciliador. “Já recebi muitos diplomas em minha vida. Mas acredito que o que torna este mais importante que os outros é a responsabilidade que ele atribui a quem o recebe com as lindas e complexas obrigações democráticas. Com a luta pela liberdade de ser e de votar como cada um de nós quiser”, definiu.
Em seu perfil no Twitter, a pesquisadora Rosana Pinheiro Machado registrou a progressão de fatos que chamou de “show de horrores” durante a cerimônia. “Tudo começou com a entrada das mulheres primeiro. Era para ser uma homenagem a elas, mas acabou que elas ficaram num canto isoladas e um bando de homem de terno lado direito. A desigualdade ficou gritante”, incia o relato. Luciana Genro (PSOL) teria sido um dos primeiros nomes a ser chamado, indo receber seu diploma com um cartaz pedindo justiça para Marielle Franco, vereadora morta em março de 2018 no Rio de Janeiro. O público vaiou a deputada, mas as manifestações contrárias às eleitas teriam aumentado com a chamada de Fernanda Melchionna (PSOL) e, mais intensamente, de Maria do Rosário (PT).
Enquanto isso, deputados homens faziam sinais de armas com as mãos. “Foram duas horas sentada no meio desse hospício”, finalizou Rosana.
1/Vou contar um pouco do show de horrores, do caldeirão fascista que tornou um teatro na diplomação das deputadas e deputados do RS. Vejam bem, faço pesquisa sobre eleitores de B e já fui a aeroporto em sua recepção. Estou acostumada com/ seus fanáticos. Mas hoje foi diferente.
— Rosana Pinheiro-Machado (@_pinheira) 19 de dezembro de 2018
*Com informações do G1 e do Correio do Povo.