Últimas Notícias > Geral > Areazero
|
3 de agosto de 2015
|
20:35

Em dia de paralisação da segurança, movimento estimula mulheres a andarem juntas no RS

Por
Sul 21
[email protected]
Foto: Babi Souza/ Arquivo Pessoal
Babi (E) é jornalista e teve a ideia, fez a página com ajuda da amiga Vika | Foto: Babi Souza/ Arquivo Pessoal

Débora Fogliatto

As mulheres brasileiras são alvo de violência diariamente, seja por parte de conhecidos, no âmbito privado, ou desconhecidos, em locais públicos, onde correm o risco de serem assediadas e abusadas, além de temerem também roubos e assaltos. A partir desse panorama, foi criada a página de Facebook “Vamos juntas?“, com a premissa aparentemente simples de promover a união de mulheres nas ruas, em busca de segurança, que alcançou a impressionante marca de mais de 17 mil curtidas em apenas quatro dias.

O movimento, iniciado de forma despretensiosa, reúne relatos de mulheres e meninas que se sentiram mais tranquilas ao receber apoio ou perceber a presença de outras mulheres em espaços públicos. Nesta segunda-feira (03), com o anúncio da paralisação dos policiais do Rio Grande do Sul, a página sugeriu que as gaúchas tomem cuidado e, mais do que nunca, andem juntas.

A jornalista Babi Souza percebeu o potencial empoderador que haveria em mulheres andando juntas em um dia rotineiro, quando desceu de um ônibus na Praça Dom Feliciano, no centro de Porto Alegre, e se dirigiu até a rua Salgado Filho para pegar outro coletivo. “Pensei que ali tinha uma força colaborativa em potencial, e que elas — inclusive eu– poderiam ter ido juntas até a Salgado Filho, porque lá estavam várias delas que eu havia visto no primeiro ônibus”, relata.

A partir daí, Babi teve a ideia de fazer uma postagem no seu Facebook pessoal. Ela ligou para a colega Vika Schimitv, que é designer e se propôs a fazer um card para a amiga postar nas redes sociais, com o intuito de incentivar suas amigas e conhecidas a andarem juntas. “Eu nem imaginava fazer uma página, a ideia era criar um movimento entre minhas amigas. Mas eu queria incentivar a irem mais juntas, tanto as que já são amigas, quanto aquelas que trabalham e moram no mesmo bairro mas vão separadas”, afirmou a jovem.

Com o sucesso da postagem, amigos sugeriram que elas criasse uma página no Facebook. “Aí que a gente fez a página, nem era a ideia inicial.  Em menos de 24 horas já tinha umas 5 mil curtidas, em 48 horas, tinha 10 mil e agora que vai fechar quatro dias já tem mais de 17 mil curtidas. Foi uma coisa muito louca, que ninguém esperava”, comemora.

Foto: Divulgação/ Facebook Vamos Juntas
Foto: Divulgação/ Facebook Vamos Juntas

Apesar de surpresa com o sucesso, Babi demonstra naturalidade com o fato de a ideia ter atraído tantas pessoas. “Isso demonstra que as mulheres se sentem inseguras mesmo. E todo ser humano, mas principalmente as mulheres, se sentem um pouco carentes de pertencer a um grupo, de acreditar na sororidade e que podemos nos ajudar. Ao invés daquela visão de que mulher não é amiga, não se une, que é ridícula”, afirma.

Na página, há relatos de mulheres de diversos lugares do Brasil. “Estava sozinha em um bairro suburbano do Recife quando, de repente, faltou energia elétrica em toda a rua em que eu estava. Olhei para o lado e percebi que ali passava outra mulher. Apressei o passo para chegar até ela e juntas andamos até o final da rua coladas uma na outra. Estávamos juntas e nada aconteceu!”, relata Joana Gabriela.

A repercussão foi tão grande que Babi e Vika não conseguiram mais administrar a página sozinhas, por isso, desde esta segunda-feira (03), passaram a contar com a ajuda da social media Stephanie Evaldt. “A gente não consegue dar conta, elas se sentem muito à vontade. Primeiro, era só de Porto Alegre, depois do estado e depois de todo Brasil mandando suas histórias, e agradecendo pela página. Pessoas se sentiram acolhidas”, destacou Babi, apontando que os relatos “encorajam, empoderam as mulheres”. “Isso mostra que não precisa estar com um homem do teu lado para te sentir segura”, afirma ela, que passou todo o fim de semana respondendo as mensagens recebidas.

 

 


Leia também
Compartilhe:  
Assine o sul21
Democracia, diversidade e direitos: invista na produção de reportagens especiais, fotos, vídeos e podcast.
Assine agora