Governo brasileiro convida ministra da Indústria da Argentina para conversar

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Jorge Seadi

A proposta de uma reunião em âmbito ministerial, sugerida pelo ministro da Indústria e Comércio do Brasil, Fernando Pimentel, mostra a intenção do governo brasileiro em tentar encontrar uma saída adequada para ambos os lados na questão das licenças não automáticas de importação. Assim como a Argentina, o Brasil gostaria de ter esta disputa resolvida antes do dia 24 de junho, quando será realizada a reunião dos presidentes dos países do Mercosul — Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai — na capital do Paraguai, Assunção.

A ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, viaja quinta-feira (2) a Brasília para uma reunião com seu colega brasileiro, Fernando Pimentel. O convite do ministro brasileiro é “para que os dois países trabalhem juntos e cheguem a um entendimento”. A confirmação do encontro entre os dois ministros animou os empresários argentinos, já que o Brasil continua não liberando automaticamente as exportações argentinas, principalmente de automóveis, autopeças e pneus. No ministério da Indústria da Argentina, o convite brasileiro foi bem recebido. “O compromisso de enfrentar o problema em uma reunião ministerial é um sinal forte e positivo de que a crise terá um fim bom para os dois lados”, disseram representantes do país vizinho. As mesmas fonte do ministério argentino preveem que  “não deverá haver novas escaladas na crise pelo menos até a reunião de quinta-feira”. Até agora, os argentinos parecem incrédulos com a dura reação do governo brasileiro à medida da Argentina de não dar licença automática de exportação para 600 produtos brasileiros. Segundo revela hoje (31), o jornal El Clarín, 7 000 veículos produzidos na Argentina estão em diversos pontos da fronteira com o Brasil à espera de licença para ingressarem no país. A maioria destes carros são equipados como motor flex e são fabricados especialmente para rodarem nas cidades e estradas brasileiras.

Durante 25 anos, desde os primeiros acordos bilaterais que resultaram na formação do Mercosul, Brasil e Argentina tiveram desacordos, principalmente na negociação de automóveis. Mas nunca os veículos ficaram tanto tempo parados na fronteira à espera da guia de importação. O que antes levava dois dias para ser autorizado, hoje demora mais de 10 dias e pode chegar até a dois meses. As montadoras argentinas não têm mais espaço nos pátios para estocar a produção. Representantes dos fabricantes de veículos da Argentina afirmam que se “esta situação não se resolver rapidamente, teremos que interromper a produção”.

A briga

Em janeiro deste ano, o governo argentino cancelou a importação automática de 400 produtos brasileiros. Em fevereiro foram incluídos mais 200 produtos na relação. Exportações brasileiras ficaram retidas mais tempo que o prazo permitido pela Organização Mundial do Comércio(OMC), o qual é de 60 dias. Algumas mercadorias perecíveis não puderam ser entregues aos compradores porque estavam vencidas. O prejuízo foi bancado pelos produtores brasileiros. O governo do Brasil, pressionado pelas indústrias, solicitou ao governo argentino que liberasse as mercadorias. Não houve resposta até que em 10 de maio o Brasil cancelou as autorizações automáticas de importação dos produtos argentinos. A ministra da Indústria, Débora Giorgi, disse que só convesaria com o governo brasileiro depois que a fronteira fosse novamente liberada. O Brasil não aceitou a condição e manteve a sua decisão.

Na semana passada, durante dois dias, os secretários executivos dos dois ministérios conversaram em Buenos Aires. Outra vez não houve acordo. O governo argentino alega que o Brasil exporta mais que importa da Argentina e que é preciso equilibrar a balança comercial. O encontro de quinta-feira poderá resolver o assunto se cada parte ceder alguma coisa. Caso contrário, o impasse irá continuar, a Argentina terá que parar sua produção e as concessionárias do Brasil ficarão sem produtos como o Agile, o Space Fox e camionetas Toyota, para citar alguns.

Com informações do El Clarín


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