Biga Pereira (*)
Na década de 1910, a indústria em crescimento empregava mulheres e crianças em jornadas com mais de 12 horas diárias. Como marco da luta para melhorar essas condições de trabalho, a jornalista e comunista Clara Zetkin propôs a criação da data que se firmaria como o Dia Internacional da Mulher.
O 8 de março consolidou-se e deu impulso a lutas que permitiram às mulheres a conquista de legislações avançadas para garantir direitos como o de votar e o de serem eleitas. E há um longo caminho a conquistar: ainda hoje lutamos para ampliar nossa representação nos espaços de poder e igualdade no mercado de trabalho.
Muitas vezes, nem mesmo nossos direitos básicos estão assegurados. Em Porto Alegre, as mulheres têm enfrentado cada vez mais dificuldades para viver sua cidadania plenamente, já que a degradação de grande parte da Capital a torna uma cidade inimiga das mulheres. Para reverter essa situação, nossa Capital precisa escutar e considerar as vivências cotidianas, os dramas e as dificuldades de suas mulheres para criar políticas públicas específicas às suas moradoras e incluí-las no orçamento público.
Nós, mulheres que vivemos em Porto Alegre, sonhamos e lutamos por uma vida digna para nossos filhos, família e comunidade. Queremos ambientes seguros, livres da violência e de assédio, valorização do trabalho e incentivo à nossa produção econômica. Precisamos de vagas nas creches para nossos filhos e netos, espaços públicos seguros e iluminados, transporte público de qualidade e acessível, Unidades Básicas de Saúde bem estruturadas, equipamentos públicos de assistência e um projeto de desenvolvimento inclusivo, que qualifique o emprego e a renda. Estas melhorias são possíveis de serem realizadas se houver escolhas políticas de investimento dos recursos públicos.
Somos 54% da população de Porto Alegre e, se a cidade fosse nossa, seria uma cidade boa, inclusiva e democrática para todas as pessoas. Uma cidade que pulsa sua potência em cada bairro e em cada rua. Queremos uma Porto Alegre capital da qualidade de vida, inclusiva, democrática e igualitária para suas mulheres.
(*) Vereadora de Porto Alegre (PCdoB), Procuradora da Mulher da Câmara de Porto Alegre
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