Opinião
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29 de dezembro de 2023
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16:32

É hora de derrotar o bolsonarismo neoliberal em Porto Alegre (por Lucas Scaldaferri)

Foto: Luiza Castro/Sul21
Foto: Luiza Castro/Sul21

Lucas Ribeiro Scaldaferri (*)

“Por uma Porto Alegre com Liberdade” foi o título do artigo publicado por Sebastião Melo, no Jornal Zero Hora, na última sexta-feira do ano. No texto, o prefeito apresenta seus feitos apontando o tempo todo o programa norteador da sua gestão. Mas, é na escolha da “liberdade” como palavra chave que está o significado para compreender a localização política de Melo e o objetivo do seu governo.

A defesa da “liberdade” é o principal lema da extrema direita neoliberal em todo o mundo. Talvez seja a bandeira que mais unifica lideranças como Trump, Bolsonaro e Milei. É a liberdade do “privatiza tudo”, de ofender e divulgar fake news de maneira irrestrita, de atacar a educação pública em prol da educação domiciliar e a liberdade para golpear a democracia liberal que resultou nos episódios lamentáveis de 6 de Janeiro de 2021 nos Estados Unidos e 8 de Janeiro de 2023 no Brasil.

A maior parte da esquerda de Porto Alegre teve dificuldades em compreender a localização do Prefeito Sebastião Melo no campo da nova direita neoliberal e reacionária. Algumas lideranças populares chegaram a criar a ideia de que quem governava de fato é o vice-prefeito Ricardo Gomes, pois, esse sim é neoliberal. Quem não sabe contra quem luta não pode vencer. E a fixação na imagem do Melo como um político de centro e democratico embaraçou a capacidade de fazer política de setores do campo popular. Mas, o prefeito sabia muito bem em qual Brasil estava vivendo e fez suas escolhas políticas com sua bússola orientada pelo caminho da extrema direita.

Em nome da tal liberdade, Melo defendeu o receituário bolsonarista para a pandemia. Foi incapaz de construir uma rede de proteção social que garantisse uma renda básica para os mais pobres. E como prefeito do capitão lutou pela “liberdade” de poder distribuir cloroquina nos postos de saúde, mesmo com as provas científicas de sua ineficácia no tratamento de Covid

Foi também pela liberdade que Melo avançou com um plano brutal de privatizações, que tinha como objetivo reestruturar Porto Alegre como vitrine da liberdade econômica. Carris, parques públicos, Fazenda do Arado, Procempa, Anfiteatro Pôr do Sol e tudo mais que pudesse ser estratégico para cidade, e seu povo, esteve no balcão de vendas da prefeitura. Melo tentou minar, desmantelar e destruir qualquer resquício de coisa pública, justiça social e parâmetros políticos que pudessem fortalecer a sociedade e a participação política.

Com seu artigo, Melo escolhe como interlocutores empresários e suas Think Tanks, especuladores e a extrema direita, se projetando como melhor candidato em 2024, pleiteando mais quatro anos para terminar o ajuste neoliberal. As esquerdas e os movimentos sociais têm pouco tempo para construir uma alternativa que tenha força, capilaridade e que mobilize o povo de Porto Alegre. Nossa energia e criatividade precisam estar a serviço de uma campanha-movimento que aponte os direitos sociais e o bem comum como o caminho a ser trilhado.

(*) Bacharel em Direito e Cientista Social 

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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