Opinião
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20 de setembro de 2023
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11:32

Casamento LGBT: nunca foi só sobre amor (por Luz Dorneles)

"O que leva alguém que está em paz consigo mesmo a atacar a família dos outros?" (Foto: Bruno Mendes/Divulgação)

Luz Dorneles (*)

Eu realmente gostaria de entender o que leva uma pessoa que está em paz consigo mesma a atacar a família dos outros. Como pode ser tão difícil compreender, aceitar e respeitar o outro como ele é? Especialmente se esse outro não está agredindo ou atrapalhando ninguém, porque aí são outros 500.

O Projeto de Lei 580/2007, que tramita na Câmara dos Deputados, tem o objetivo de acabar com o casamento homoafetivo. Isso significa acabar com o direito de eu e minha companheira sermos reconhecidas enquanto família, significa nos privar de direitos como acompanhamento hospitalar, pensão em caso de morte, compartilhamento de plano de saúde e imposto de renda, partilha de bens, entre tantos outros direitos civis que só são garantidos com o reconhecimento da nossa união estável pelo Estado brasileiro.

Pergunto mais uma vez – o que leva alguém que está em paz consigo mesmo a atacar a família dos outros? Falta empatia, falta alteridade, e falta sobretudo o amor que é a principal palavra do Cristo que quem nos ataca julga seguir. Suas justificativas são bíblicas, não constitucionais. São baseadas em crenças, não em racionalidade ou compaixão. Reforçam preconceitos quando poderiam estar trabalhando para transformar a sociedade no sentido de sermos cada vez mais acolhedores uns com os outros independente de classe, raça, orientação sexual ou identidade de gênero, presença ou ausência de deficiência.

A equiparação legal entre casais do mesmo gênero e de gêneros distintos está garantida pelo STF desde 2011. Justamente o poder judiciário, responsável por interpretar a constituição e a fazer valer, garantindo o cumprimento dos nossos direitos. Há quem ouse desrespeitar ou mesmo deslegitimar as instituições democráticas. E digo pra vocês, daqui de dentro da Câmara dos Deputados, em Brasília, que embora várias delas estejam sim contaminadas por atitudes de completa falta de transparência e ética, ainda é melhor tê-las a não as ter, preservando a indignação com todo aparente normal que impede a justiça.

Ainda é melhor continuar lutando do que silenciar. 

Não deixem de nos apoiar! Com amor, seguimos.

(*) Jornalista formada pela UFRGS, artista, assessora parlamentar e militante em defesa dos direitos humanos

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


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