Opinião
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17 de maio de 2023
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10:12

Representatividade e direitos para a comunidade LGBTI+ de Porto Alegre (por Giovani Culau e Movimento Coletivo)

Foto: Gabriel Ribeiro/CMPA
Foto: Gabriel Ribeiro/CMPA

Giovani Culau e Movimento Coletivo (*)

Há 33 anos, a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença. O dia 17 de maio de 1990 se tornou um marco internacional da luta pelos direitos LGBTI+ com a retirada da homossexualidade da lista de doenças da OMS. A conquista abriu portas para outros importantes avanços, mas foi só o início de um longo caminho que precisamos percorrer.

A violência contra a nossa comunidade ainda se expressa das formas mais cruéis. Em 2022, 256 pessoas LGBTI+ foram assassinadas ou cometeram suicídio no Brasil, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia. Nosso país segue sendo o que mais mata pessoas trans e travestis. A vulnerabilidade social agrava as condições de parte dessa população.

Somos invisibilizados. São poucos os dados oficiais sobre nós. Pela primeira vez, em 2019, o IBGE levantou indicadores sobre a orientação sexual no Brasil. Quase 3 milhões de pessoas se reconheceram como gays, lésbicas ou bissexuais, levando em conta a provável subnotificação por medo do estigma sobre os LGBTI+. E, apesar das barreiras que o preconceito cria para que não tenhamos uma noção nítida de quantos somos, ficou demonstrado: nós existimos!

Em Porto Alegre, cidade em que fui eleito vereador, uma em cada 20 pessoas com 18 anos ou mais se reconhece como homossexual ou bissexual, o que representa mais de 60 mil porto-alegrenses. Ainda assim, sou o único parlamentar gay na Câmara de Vereadores. Um espaço hostil à diversidade, onde vereadores chegam a subir na tribuna para falar em “heterofobia”. Os espaços de poder não estão preparados para nos receber, e é por isso que precisamos ocupar eles.

Ampliar a representatividade é fundamental para que avancemos na luta por nossos direitos. Em Porto Alegre, lutamos por políticas públicas como as casas de acolhimento à população LGBTI+ em situação de vulnerabilidade para romper ciclos de violência. Também é fundamental a formação de um Conselho Municipal LGBTI+ e a criação do Fundo Municipal de promoção dos direitos LGBTI+. Lutamos, também, por uma educação inclusiva que respeite e acolha a diversidade.

(*) Vereador Giovani Culau e Movimento Coletivo

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As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21.


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